O governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, busca garantir o abastecimento industrial explorando alternativas diante da redução na produção boliviana, até então principal fornecedora. A solução emergente é aproveitar a capacidade ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) para receber o gás argentino. O município de Uruguaiana pode tornar-se um ponto crucial na importação de gás natural da promissora reserva argentina de Vaca Muerta. 

Entretanto, essa visão depende da conclusão da segunda fase do Gasoduto Néstor Kirchner, que deve se estender de Vaca Muerta até Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Embora iniciativas nesse sentido tenham sido delineadas durante a gestão anterior na Argentina, o atual presidente, Javier Milei, ainda não se posicionou claramente sobre a continuidade do projeto. 

A concretização desse elo infraestrutural abriria duas vias de acesso ao Brasil: a primeira, utilizando parte ociosa do Gasbol, implicaria em acordos com a Bolívia para o trânsito do gás argentino. A segunda rota proposta demanda a construção de um gasoduto entre Uruguaiana e Porto Alegre, projeto considerado prioritário pelo governo local. 

Os desafios financeiros são evidentes, com estimativas de um investimento entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão para a construção do gasoduto até Porto Alegre. Além disso, ajustes no Gasbol seriam necessários, transformando-o de uma rota unidirecional para uma via capaz de suprir demandas no sentido Sul-Norte, potencialmente atendendo regiões como Minas Gerais. 

Uruguaiana, assim, surge como um ponto crucial na visão de integração energética regional, onde a infraestrutura de transporte de gás pode desempenhar um papel significativo na segurança energética e no desenvolvimento econômico.