URUGUAIANA JN PREVISÃO

Entrevista exclusiva

“Quero que as pessoas saibam que eu estou dizendo a verdade”, diz sócio da Kiss

Gabriela Barcellos/JC imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

Já era madrugada de sábado, 27 de janeiro de 2013, quando o empresário Mauro Londero Hoffmann foi para a cama após um dia corrido de trabalho, que encerrava uma semana de poucas horas de sono e antecedia uma viagem internacional há tempos planejada. Era trabalho, como sempre (Mauro admite que era um workaholic, quando esta palavra nem estava na moda), mas também era uma viagem de família, para comemorar a formatura da filha mais velha e os 15 anos da filha mais nova.

Pouco depois de pegar no sono o telefone tocou. Era o sócio, Elissandro Callegaro Spohr, o Kiko. “ ‘Tá’ pegando fogo! ‘Tá’ pegando fogo!”. Assim começava um pesadelo que já se estende por mais de 11 anos, a tragédia da boate Kiss.

Nome conhecido na noite santa-mariense, Mauro era o sócio investidor da casa noturna há cerca de um ano quando ela pegou fogo, matando 242 pessoas e ferindo mais de 600. Desde o acidente mantém uma vida discreta e nunca concedeu entrevistas. Até agora. Ele recebeu o CIDADE para uma conversa, em Santa Maria, e respondeu a todas as perguntas da redação.

Quem é o Mauro Hoffmann?

O Mauro Hoffmann anterior à tragédia era um empresário, que se especializou na área de entretenimento. Cerca de 20 anos trabalhando nisso.  Natural de Santa Maria, cresci aqui. Venho de uma família de classe média, sempre tive condições. A minha mãe era funcionária pública e o meu pai era médico. Me formei muito cedo, com 21 anos, com 22 eu já morava em São Paulo, já era trainee da Hering. Morei um ano e pouco em São Paulo e tive a oportunidade de ir para a Europa, onde fiquei mais um ano e pouco.

Sempre tentei aproveitar essas oportunidades. Sempre fui um cara inquieto, em busca de experiência, de melhorar. Fiquei um ano e pouco na Europa e a saudade de Santa Maria, da família e dos amigos falou mais alto e eu voltei.

Voltei e comecei o primeiro empreendimento. Coloquei um bar, depois veio uma boate, depois veio um boliche, depois um bingo. Sempre na área de entretenimento, que eu gostava. Era um frequentador, então enxergava os nichos que tinha. E aí, como na vida, as coisas foram acontecendo.

Tu sempre tiveste um perfil empreendedor?

Sempre! Sempre fui atrás de novidades. O primeiro bingo de Santa Maria eu estava envolvido; o primeiro restaurante de R$ 1,99 foi eu quem montei; a primeira casa noturna dentro de um shopping – nem em São Paulo tinha ainda. E na época da Kiss, tinha um grande projeto, que era um condomínio de entretenimento, voltado para reciclagem, ecologia, um eco condomínio de entretenimento. Tinha comprado um grande terreno, já estava trabalhando nisso, fazendo a terraplanagem. Já tinha comprado uma fábrica de cerveja para instalar lá. Quando vem a notícia que eu ia ter que deixar o Absinto (Absinto Hall, outra casa noturna da qual era o dono), que era o motor financeiro de tudo.

Como assim?

O Absinto funcionava no subsolo de um shopping e eu fui notificado pelo shopping para entregar a área. Consultei um advogado do ramo imobiliário e ele me diz: “olha, tem uma lei que mudou e eles podem pedir uma liminar e tu vais ter que sair. Não é normal, provavelmente não vai acontecer, mas pode”. Então eu fiquei com esse problema: o projeto ia demorar para ficar pronto e não ia conseguir casar o fim de um com o começo do outro.

Foi QUANDO surgiu teu interesse pela Kiss?

Sim. Naquela época tinha duas boates para vender em Santa Maria, a Ballare e a do Kiko, que na verdade não estava para vender, mas eu sabia que ele me venderia. O Kiko era um gurizão, gente boa, sempre tocava no Absinto e me dizia que queria comprar uma parte do Absinto. Ele já tinha proposto alguns negócios, como trocar uma parte da minha boate por uma parte da boate dele.

Teoricamente, era melhor eu comprar a Ballare porque o valor era o mesmo: toda a Ballare e a metade da Kiss. Mas a Kiss tinha mais potencial, porque tinha estacionamento, e tinha uma família tocando o negócio. Então, eu não teria que me envolver com aquilo lá. Meu dia já era 20 horas de trabalho. Continuou sendo 20 horas e nenhuma delas era para a Kiss.

Como era tua relação com a Kiss?

Nunca contratei um funcionário; nunca contratei um DJ; nunca contratei uma banda; nunca fui lá conferir nada; nunca entreguei cartão de noite; nunca fiz nada. Eu ia lá, às vezes, na quinta-feira, pegava meu cartão, tomava duas, três cervejas e ia embora.  Antes de ser sócio eu já ia eventualmente, e ia em outros lugares. Geralmente na quinta, que eu não trabalhava no Absinto, porque eu não faltava serviço no Absinto.

Eu não tinha a chave da Kiss; eu não estava na equipe de trabalho da Kiss no Facebook, que era a rede da época. Como é que o administrador da casa não faz parte do grupo de trabalho? Eu não estava na rotina da boate. Não sabia de nada da rotina da boate.

As formas de administrar uma empresa são essas: os sócios administram juntos, ou um administra e ganha um prolabore para isso, ou os dois contratam um administrador. A gente optou por isso: o Kiko administrava e recebia um prolabore para isso; ele ganhava R$ 1 mil a mais por semana. Obvio que eu supervisionava a questão financeira, sabia quantas noites abriu, quanto faturou. Nessa parte eu tinha controle. Mas o dia a dia, não.

Eu sabia da parte financeira. Uma vez por mês nós nos reuníamos, eles me apresentavam os relatórios, como se fosse um conselho fiscal. Eu ia numa quarta de tarde. Eventualmente passava ali porque era caminho entre o Absinto e o restaurante, que eu abria às 19h. Eu tinha que passar na frente da Kiss.

E essa é a minha relação com a boate.Sempre foi muito claro entre mim e o Kiko. Quando fechamos o negócio eu disse “não vou vir aqui te ajudar”. E ele também não queria, ele sempre disse: “aqui eu vou tocar”. Ele era o Kiko da Kiss e eu era o Mauro do Absinto. Minha mãe não sabia que eu era sócio da Kiss.

Quando tu entrastes na KISS?

Eu entrei em setembro de 2011, pouco depois da vistoria dos Bombeiros, que foi em agosto. Todos os documentos da boate estavam em dia. Os Bombeiros tinham feito a vistoria e está lá: espuma, barra, tinha tudo. Tem as fotos no processo.

Fechamos negócio no dia 1º de setembro. Dia 8 de setembro o Kiko vai na Promotoria e me diz: “estamos com problema por causa do som”. E eu digo: “‘Tô’ fora, me devolve meu dinheiro, que eu não vou entrar nessa”. Só que a boate tinha dívidas, devia cerca de R$ 200 mil, que é o valor que eu dei de entrada. O Kiko já havia usado esse dinheiro para quitar as contas da boate. Ele me pediu um tempo para resolver o problema e correu atrás para resolver. Nesse tempo eu fiquei fora do negócio, e retornei quando foi firmado o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público, quando o Ministério Público disse que estava tudo certo e que a boate podia abrir.

O Kiko foi atrás do engenheiro, contratou. Ele conseguiu fazer tudo o que o Ministro Público pediu. E ninguém disse que a espuma pegava fogo, ninguém avisou. Por que ninguém avisou? Depois que aconteceu, todo mundo tentou tirar o corpo fora.

Como ficaste sabendo do incêndio?

Passei o dia todo correndo, eu trabalhei na sexta no Absinto e passei o sábado organizando as coisas para viajar no domingo. Tinha que pagar funcionários, tinha os outros negócios que precisavam de atenção. E fui dormir tarde. Em seguida o telefone tocou e era o Kiko, desesperado, gritando “tá pegando fogo”. Eu demorei para entender e naquele momento eu pensei: “deve ser um curto-circuito num freezer, algo assim. Vou chegar lá e já vai estar resolvido”. Mas quando cheguei lá, foi a coisa mais horrível que eu vi na vida.

Cheguei antes dos Bombeiros. Não tinha ambulância, não tinha nada. Tinha uns taxis ajudando. Então a gente pegava as pessoas e botava dentro dos táxis. Algumas a gente botou até nas carrocerias das caminhonetas. Do jeito que dava para socorrer.

O Kiko saiu porque começou a ficar complicado para ele, porque ele era o Kiko da Kiss. Ele saiu de lá, passou na delegacia e mandaram ele para casa. Eu fiquei até por volta de 5h, depois fui atrás do Kiko para ver o que íamos fazer porque essa responsabilidade era nossa e nunca fugimos disso.

Aí as coisas foram mudando. No domingo, o procurador-geral de Justiça diz, ao vivo, que era um crime culposo. O bombeiro foi lá e disse que a boate tinha PPCI, tinha tudo certo. Quando ele está dando uma entrevista, à tarde, que ele está dizendo que a boate tinha alvará, no meio da entrevista ele recebe uma ligação e a versão já muda e passa a ser um crime doloso.

Na segunda de manhã, que eu já sabia que eu tinha mandado de prisão, eu vou lá e me apresento na polícia.

Tua casa foi alvo de busca?

Sim, busca minuciosa. O mandado foi alicerçado no sumiço de uma CPU que poderia ter sido tirada da boate. Só que quando eles pedem o mandato, eles já sabiam que a CPU estava para consertar. Eles ligaram para a empresa, que confirmou. Na minha casa, no meu quarto, tinha uma CPU e eles não pegaram, não deram a mínima, porque eles já sabiam. Mas  olharam toda a casa. Os passaportes e as passagens da viagem estavam em cima de um balcão. Eles fotografaram tudo e deixaram. Tenho certeza de que o intuito era me prender no aeroporto.

Então eu vou para a delegacia, presto depoimento e de lá já saio preso. Nos colocaram numa cela separada. A gente não podia ter contato com preso nenhum porque a chance de alguém nos matar era enorme.

Tu recebeste ameaças?

As ameaças começaram antes mesmo de eu ser preso. Pelas redes sociais. Era só gente falando em atear fogo na minha casa, matar minha família. Era isso. Na saída da delegacia a gente sofreu ameaças. Um policial disse para mim “tua sorte é que não morreu polícia nem parente de polícia”. E dentro do presídio as ameaças continuaram. Foram quatro meses da primeira vez.

Essa primeira cadeia foi terrível e era muita angústia. Porque aquilo ainda se arrastou por dias e dias. E as notícias nunca eram boas, as pessoas continuavam morrendo. E tinha muito mais gente para prender, e não prenderam.

Quando vocês foram soltos, saíste de Santa Maria?

Fugimos de Santa Maria, né?! Eles nos tiraram em vários carros, num comboio, houve troca de carro para poder sair. Eu dormi a primeira noite em Santa Maria porque eu queria ver minha mãe. Mas eu só entrei no condomínio onde meu irmão morava, dormi e saí no outro dia
de madrugada.

Com fica a família no meio disso?

A família é quem mais sofre, né? Eu sempre fui o cara que resolvia as coisas na família, com minha mãe, meus irmãos. Eu sempre fui forte. Foi muito difícil para eles, principalmente para minhas filhas. Minha filha tinha 14 anos, no auge da vida, morando aqui, estudando, com os amigos dela. Tudo se desestruturou, ela repetiu de ano na escola duas vezes. Minha mãe ia me visitar no presídio, de manhã, com chuva, uma senhora de 85 anos, com os pés enxarcados de água em uma fila para ser revistada. Mas todo mundo sabe a verdade, entendeu? E sabe que eu sou um cara forte. Quando cheguei na cadeia, no primeiro dia, eu não entendia nada daquilo que estava acontecendo, não tinha ideia. E eu disse “Deus, a partir daqui é com o senhor”

Como foi a investigação?

Veio um inquérito malfeito, que se concentra só nos quatro, e todo o resto? Todo o resto era superficial, já para não denunciar ninguém. A investigação foi direcionada.

No primeiro julgamento testemunhas relataram ter sofredo certa coação nos depoimentos na delegacia, especialmente em relação a ti.

Me questiono até hoje se foi válido eu ter dado o primeiro depoimento, se não era mais fácil só me apresentar na cadeia. Porque eles pegam o depoimento, que era tudo verdade, e pegam o depoimento do Kiko, que era muito parecido, e pensaram “esse cara vai escapar”. E eles começam a fazer perguntas direcionadas. E houve pressão.

Tem 18 funcionários que deram depoimento. Nenhum disse: “o Mauro me pediu para transferir uma caixa de cerveja daqui para lá”. Não tem. Eu não fazia isso.

Por que estas pessoas estão respondendo ao processo?

Porque teve muitos erros nesse processo todo. Alguns erros dos empresários, alguns erros dos músicos, alguns dos bombeiros, muitos erros do Ministério Público, muitos erros da Prefeitura.

Quando tu falas em erros dos empresários, vamos falar nos teus erros. Quais são os teus erros?

Foi o erro de ser enganado. Eu sou um cara experiente e não fujo dessa responsabilidade, mas dentro da minha experiência eu aprendi que eu tinha que confiar nos bombeiros, tinha que confiar no documento da prefeitura. Eu nunca fiz nada e nem o Kiko não fez nada que não fosse confiar nos órgãos públicos. O Kiko fez tudo o que o Ministério Público o mandou fazer. A boate tinha todos os documentos, estava totalmente legal. A boate estava aberta porque eles disseram que era seguro, que estava tudo bem, e agora a gente está respondendo por homicídio. Estou aqui porque confiei nos órgãos públicos

Eu brinco que a Dilma mandou o Tarso, o Tarso empurrou o secretário de segurança, que empurrou o delegado e disse “prende alguém”. E ele prendeu quatro. E ali se definiu quem ia para o banco dos réus. Eles jogam toda a culpa nesses quatro e tiram a culpa dos órgãos públicos. É uma questão política e financeira porque ainda tem as indenizações.

Como tu vê a questão da pressão da opinião pública por alguma resposta e até um certo desejo de vingança?

Isso tudo é verdade, realmente é o que acontece. O povo foi dominado pelas manchetes, pelo Ministério Público que para proteger um dos seus, foi para cima de quatro coitados.

E não se aprendeu nada com isso.

Como assim?

Nós como sociedade não aprendemos nada com isso. Tem a Lei Kiss? Tem, mas do que foi proposto para o que foi aprovado é 10%. Nós tínhamos que usar a inteligência que Santa Maria tem, a Universidade, para estar preparado para situações assim, para que isso não se repita. A área da Medicina, do Direito, da Arquitetura. O que podemos fazer para melhorar e fazer um trabalho de prevenção. Tirar proveito disso para melhor. Santa Maria tinha que ser um exemplo de prevenção. Para que coisas assim não aconteçam novamente. A espuma até hoje é permitida. Nada foi mudado para que isso não aconteça mais. Já aconteceu em menor proporção. Agora no réveillon pegou fogo em uma boate em Maceió.

Como foi o primeiro júri?

Um teatro. Os artistas principais foram contratados e o resultado já veio definido no roteiro. Eles só executaram. Nada no júri ia mudar. Em hipótese nenhuma o júri ia ter um outro resultado porque ele foi conduzido pelo juiz, que cumpriu o roteiro. Ele não me perguntou nada do processo, só perguntou quanto eu ganhava, por que eu fazia isso, e por que eu investi na Kiss e não em ações. Teve contaminação. Teve tudo.

Ninguém sabia que isso ia acontecer, ninguém nunca imaginou que algo assim poderia acontecer. E ninguém ali foi indiferente, como diz o Ministério Público. Quem quer isso?  Quem pode ser indiferente a isso? Ninguém. Quem quer colocar a vida das pessoas em risco? O Kiko estava lá, a esposa do Kiko estava lá, grávida. Todo  mundo estava lá. Eu poderia estar lá.

Ainda que o novo júri, neste momento o novo júri ainda  DEVE OCORRER PORQUE O PRIMEIRO FOI ANULADO. O que tu esperas dele?

Quero que seja feita justiça, baseada na verdade. Não posso ser condenado por algo que não fiz. Eu não instalei espuma, eu não comprei equipamento inadequado para uso interno ou externo, eu não liguei nada, eu não contratei a banda, eu não sabia que eles tocavam com fogos. Com toda essa rede social, tinha 15 sites que iam fazer fotos por noite nas boates e não tem uma foto disso.

Não vou ficar quieto de qualquer maneira. E as coisas todas que eu vi de errado nesse processo, e são bastante, eu vou expor.

Eu sou um cara meio duro, eu procuro não demonstrar, entendeu? Sempre fui assim. Mas eu tenho minha dor também. Eu quero ser absolvido porque não quero ser enterrado com um carimbo de assassino. Eu não quero que minha mãe, que tem 92 anos, seja enterrada com um filho sendo chamado de assassino. Minha mãe não pariu um assassino. Quero um júri limpo, seguindo as regras do jogo, e que aconteça logo. A gente quer um júri limpo e ter chance de se defender.

Como é tua vida hoje e que outras expectativas tens?

Estou tocando minha vida tranquila. Obviamente que eu não tenho liberdade de verdade. Profissionalmente, tenho mil ideias na cabeça, mas sozinho eu não tenho condições e não tenho o que eu mais tinha na vida, que era credibilidade. Eu era um cara sério – e sou assim até hoje. Eu não volto atrás. Cansei de fazer contratos que depois eu dizia: “como fui fazer isso?”, muitas vezes não tinha nem assinado. Mas eu já tinha dado a palavra, eu aguentava. Sempre fui assim.

Eu não reclamo de nada, porque eu sei que a dor dos outros é muito maior que a minha. Eu não perdi filha, eu não perdi ninguém. Se tiver que passar mais um tempo na cadeia eu vou de cabeça erguida, mas vai ser uma grande injustiça se isso acontecer. Respeito quem perdeu filho, irmão, família. Tem pais que perderam dois filhos. Tu imaginas? O que eu vou dizer para um pai desses? Não tem o que dizer. Nada vai mudar isso. O que eu quero é que essas pessoas saibam que eu estou dizendo a verdade. Eu quero que elas saibam que isso tudo é verdade. Tudo que nós estamos conversando não tem uma palavra que não é verdade.

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