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Cátia Liczbinski

Junho Violeta: um chamado urgente contra a violência e pela proteção e respeito à pessoa idosa

"A velhice não é um naufrágio. É um porto." (Simone de Beauvoir) 

O mês de junho, que para muitos é sinônimo de festas juninas e frio chegando, é considerado o mês da proteção à pessoa idosa, chamado de Junho Violeta. Um período que vai além de campanhas simbólicas e nos chama, de forma urgente, a enfrentar uma realidade invisível aos olhos de muitos: a violência contra os idosos. 

No Brasil, segundo dados do IBGE (Censo 2022), cerca de 32 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais, representando aproximadamente 15% da população. E esse número só cresce,vive-se o envelhecimento populacional acelerado. Nesse sentido, é preciso, enquanto sociedade, garantir um envelhecimento digno, seguro e respeitoso aos idosos. 

A realidade é dura: muitos idosos enfrentam agressões físicas, violência psicológica, abandono, exploração financeira e, o que é ainda mais cruel, a negligência de quem deveria protegê-los. Na maioria dos casos, os agressores estão dentro de casa: filhos, netos ou cuidadores. 

O Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) foi criado para tentar frear essa realidade. Ele garante o direito à saúde, à alimentação, ao transporte, à cultura e, sobretudo, à integridade física e emocional. Mas só a lei não basta, é preciso ação, atitude. 

Ajudar um idoso é também denunciar, é um ato de cidadania. O Disque 100, da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, é o principal canal para denúncias anônimas de violação de direitos contra idosos. Também é possível procurar o Ministério Público, Defensorias Públicas, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Delegacias Especializadas de Proteção ao Idoso, quando houver. 

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, apenas no primeiro semestre de 2024, o Disque 100 registrou mais de 50 mil denúncias de violência contra idosos. E o mais assustador: sabe-se que os números reais são muito maiores, porque muitos casos permanecem escondidos atrás de portas fechadas, abafados pelo medo e pela vergonha. 

O Junho Violeta não é só uma data no calendário. É um grito de alerta,  um chamado para que cada um de nós reflita para não sermos conivente com a violência contra os idosos e sobre como preservar uma vida digna para todos. Afinal, na melhor das hipóteses, também envelheceremos.  

O respeito começa nas pequenas atitudes: ouvir, acolher, cuidar, incluir. Garantir que nossos idosos tenham voz e lugar na sociedade é uma responsabilidade de todos. Ignorar o problema é contribuir para que ele continue. 

Neste mês, e sempre, não podemos fechar os olhos para a realidade vivida pelos idosos. Denuncie. Proteja. Respeite. Valorize. 

Envelhecer com dignidade é um direito de todos, não um privilégio de poucos. É uma etapa preciosa da vida, marcada pela sabedoria e pela história de quem chegou até aqui. 


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