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CÁTIA LICZBINSKI

Violência nas escolas: o grito que o Brasil não está ouvindo

A morte do menino Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos, assassinado a facadas dentro de uma escola em Estação (RS), expõe uma ferida aberta no sistema educacional brasileiro. O agressor, um adolescente de 16 anos, entrou na escola se passando por entregador de currículo e, armado com um facão, feriu ainda duas alunas e uma professora. É o segundo ataque do tipo no estado em menos de três meses.

Infelizmente, esse não é um caso isolado. Ataques como os de Cambé (PR), onde dois estudantes foram mortos a tiros por um ex-aluno em 2023, e de Blumenau (SC), onde quatro crianças foram assassinadas em uma creche, mostram uma escalada trágica. Segundo levantamento, 64% dos ataques extremos em escolas desde 2001 ocorreram nos últimos três anos.

As causas são complexas: bullying, isolamento social, radicalização online, abandono institucional e o agravamento da saúde mental juvenil, intensificada pela pandemia, contribuem para esse cenário. Muitas escolas seguem sem apoio psicológico adequado, e os sinais de sofrimento são ignorados até que a tragédia aconteça.

Outro fator alarmante é a violência motivada por homofobia. Jovens LGBTQIA+ enfrentam agressões verbais, exclusão e até violência física dentro do ambiente escolar. Casos como o suicídio de um adolescente de 15 anos, vítima de bullying homofóbico em Salvador, evidenciam o impacto devastador do preconceito e a ausência de políticas inclusivas.

É urgente adotar medidas de prevenção estruturadas. A presença permanente de psicólogos e assistentes sociais nas escolas deve ser prioridade, bem como a capacitação de professores para identificar sinais de risco. As CIPAVEs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar) precisam ser fortalecidas com recursos e apoio técnico.

A cultura de paz também passa pela escuta ativa, mediação de conflitos e ações contra o bullying, tanto no ambiente físico quanto digital. Monitoramento das redes sociais e combate à radicalização online são fundamentais.

A resposta à violência não pode ser apenas repressiva. Investir em vínculos humanos, empatia e proteção é essencial. Quando uma criança morre na escola, morre também a confiança em uma sociedade que deveria protegê-la.

Quando uma criança morre dentro de uma escola, todo o tecido social se rompe. O Brasil precisa acordar: punir não basta. É preciso cuidar antes, agir antes, acolher antes. Vitor não deveria ter morrido. A morte desse menino precisa ser mais que estatística, deve ser um alerta definitivo.

Que sua morte seja o estopim para mudanças significativas, por ele, pelas outras vítimas e pelas tantas que ainda podem ser salvas.

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