URUGUAIANA JN PREVISÃO

Cátia Liczbinski

Viver é Resistir: o Desafio de Envelhecer com Dignidade no Brasil

O envelhecimento é um fenômeno natural e irreversível da vida humana, mas ainda é tratado com preconceito e invisibilidade na sociedade brasileira. O aumento da expectativa de vida é uma conquista social e científica, resultado de avanços na saúde, na medicina e nas políticas públicas. No entanto, envelhecer com qualidade continua sendo um privilégio para poucos. De acordo com o IBGE, o Brasil já possui mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Em 2030, pela primeira vez na história, haverá mais idosos do que crianças no país, um dado que exige reflexão e ação. 

O Estatuto do Idoso, criado pela Lei nº 10.741/2003, é uma das maiores conquistas desse grupo social. Ele assegura direitos fundamentais, como acesso à saúde, transporte gratuito, prioridade no atendimento e proteção contra qualquer forma de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão. No entanto, a distância entre a lei e a realidade ainda é grande. O etarismo, preconceito contra pessoas idosas, se manifesta nas piadas, na exclusão do mercado de trabalho, na desvalorização das experiências e na invisibilidade das pessoas mais velhas nos espaços públicos e nas políticas de comunicação. 

Defender os idosos significa reconhecer o valor da longevidade como parte da diversidade humana. O envelhecimento não deve ser visto como decadência, mas como continuidade de vida, repleta de saberes, memórias e contribuições. É urgente promover políticas públicas que garantam autonomia, segurança, saúde mental e inclusão digital para essa parcela crescente da população. Também é essencial que famílias, escolas e meios de comunicação atuem na construção de uma cultura de respeito e solidariedade intergeracional. 

Envelhecer com qualidade envolve mais do que viver mais tempo, é viver com dignidade, afeto e participação social. O desafio é coletivo: cabe ao Estado assegurar políticas efetivas, à sociedade combater o etarismo e a cada cidadão reconhecer nos idosos o espelho do próprio futuro. Valorizar quem envelhece é investir em uma sociedade mais justa, humana e consciente do ciclo da vida. 


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