Fibromialgia passa a ser considerada deficiência em todo país
Ricardo Peró Job
O rato que ruge

O governo federal promoveu uma reunião coordenada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, reunindo cerca de trinta lideranças da indústria nacional. O tema foi a tarifa de 50% arbitrada ao Brasil pelo presidente norte-americano Donald Trump. A conferência contou também com a presença dos titulares de seis ministérios. Nelas, os empresários foram unânimes em alertar ao governo de que não há meios de substituir os Estados Unidos da América por novos mercados. Mas o problema maior está no fato de que enquanto Alckmin busca uma solução diplomática para o caso, como o fizeram os demais países, inclusive China e Rússia, membros do Brics, o presidente brasileiro, Luiz Inácio da Silva insiste no confronto, vendo nele uma maneira de reverter sua queda de popularidade. Como todos os tiranos em fim de carreira, arranjou “um inimigo externo” para botar a culpa do seu fracasso econômico e social. É como se um rato desafiasse uma águia. A delegação de poderes a Alckmin é sintomática. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, mais uma vez, foi ignorado pelo próprio governo, assim como o “chanceler de verdade”, Celso Amorim. Este último, costumeiramente usado pelo governo para suas articulações internacionais, é visto com maus olhos pelo governo estadunidense por suas estreitas relações com ditadores marxistas, portanto, desta vez ficou de fora. Já Mauro Vieira, cumpriu apenas uma função protocolar. Aliás, o desprestígio diplomático brasileiro frente aos norte-americanos é tão grande que atualmente os EUA não possuem nem mesmo um embaixador no Brasil, deixando tudo nas mãos do encarregado de negócios da embaixada. “Lula”, diante de tal quadro apocalíptico, de má vontade, teve de escalar o seu vice para tentar articular algum tipo de acordo, ou pelo menos ganhar tempo. Se Alckmin falhar, aumentará consideravelmente o caos econômico brasileiro. As medidas de Trump afetarão diretamente produtos do agronegócio, como carne, café, etanol, pescados, celulose e suco de laranja, além da indústria nacional, atingindo setores como a aviação e equipamentos pesados. Cabe lembrar também que de cada US$ 100 que entram em nossa economia como investimento internacional, US$ 26 vêm dos EUA. Da China, por exemplo, vem menos de US$ 1. Como se não bastasse, dias depois, Mark Rutte, secretário-geral da Otan, a aliança militar ocidental, alertou que países como Brasil, China e Índia podem ser duramente atingidos por sanções com tarifas de 100% se continuarem negociando petróleo e gás com a Rússia, caso esta não aceite negociar a paz em até cinquenta dias. Rutte acusa estes países de “sustentarem” com suas importações a guerra contra a Ucrânia. Tais sanções atingiriam em cheio o Brasil, pois aumentamos em muito as importações de óleo diesel russo após o início da guerra na Ucrânia. Atualmente, mais de 80% do diesel aqui usado é de origem russa. Numa tentativa pífia de solucionar o problema, após a reunião foi enviada uma carta ao governo americano, assinada por Alckmin e Vieira. Nela, diferentemente da primeira enviada meses atrás, na qual defendiam a soberania e respeito à separação de poderes no Brasil, focaram apenas nas questões comerciais. Citaram o superavit dos EUA na balança com o Brasil e pediram a retomada do diálogo por via de empresários e diplomatas entre os dois países. Apesar do apelo dos exportadores ouvidos por Alckmin na reunião para que se tentasse adiar a tarifação de 50% por 90 dias, na mensagem, as autoridades brasileiras não o solicitaram. Até agora, o governo norte-americano ainda não respondeu ao apelo brasileiro. Pelo contrário: o governo Trump resolveu aprofundar as retaliações comerciais ao Brasil. No mesmo dia do envio da carta, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos abriu uma investigação contra o país com o objetivo de determinar “se atos, políticas e práticas do governo brasileiro são irracionais ou discriminatórios e oneram ou restringem o comércio dos EUA”. Como justificativa para a abertura da investigação, o governo americano citou pontos que considera prejudiciais à atuação das empresas americanas no Brasil, como a questão da propriedade intelectual, a existência de tarifas preferenciais para outros países, taxas mais altas para o etanol americano e desmatamento ilegal. E o tempo está se esgotando.
Deixe seu comentário