Nesta terça-feira, 15/7, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou um pacote emergencial para apoiar os produtores de arroz, especialmente no Rio Grande do Sul, maior estado produtor do país. A medida responde à queda acentuada dos preços do cereal, que recuaram mais de 40% em relação ao ano passado, causando prejuízos aos agricultores. 

Até 11/7, a saca de 50 quilos do arroz em casca era vendida a R$ 67,45 no mercado gaúcho, 41,4% abaixo do valor registrado em julho de 2024. Essa queda precoce é atribuída à safra recorde no Mercosul e à falta de capacidade de armazenamento, que obriga os produtores a venderem rapidamente a preços desvalorizados. 

O anúncio ocorreu no encerramento da colheita da safra 2024/25, que teve condições climáticas favoráveis e produção acima da média. Apesar do bom desempenho, a baixa nos preços pode comprometer a rentabilidade dos agricultores, sobretudo os que dependem de crédito para financiar a lavoura. 

• Medidas adotadas pela Conab  

Entre as ações anunciadas está a compra pública de 110 mil toneladas de arroz por meio de contratos de opção de venda, para formar estoques estratégicos, equilibrar a oferta e estabilizar os preços. Para os próximos meses, foram fixados preços mínimos para a saca de 50 quilos: R$ 73,00 em agosto, R$ 73,48 em setembro e R$ 73,91 em outubro. Essas medidas oferecem maior segurança financeira aos produtores, cujo custo médio de produção no estado é cerca de R$ 90 por saca, valor superior aos preços atuais, tornando a atividade insustentável sem apoio governamental. 

•  Reação do setor e desafios  

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz), Denis Nunes, destacou que os preços baixos em maio e junho exigiram reação rápida do setor. Ele ressaltou a necessidade de ampliar mercados e pediu maior fiscalização sobre embalagens e tipificação para evitar fraudes e aumentar a competitividade no Mercosul.  

• Estabilidade de preços  

A diretora-executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva, ressaltou a importância da estabilidade de preços para garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva. Segundo ela, a oscilação intensa prejudica produtores, indústria e consumidores, reforçando a importância do trabalho conjunto entre setor e governo para manter a viabilidade da produção e a segurança alimentar da população.