Metanol na bebida
Com um caso sob investigação, RS cria comitê contra adulteração

Divulgação/PCRS - Metanol é altamente tóxico e pode causar cegueira, coma ou morte quando ingerido.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou, neste domingo, 5/10, que foi descartada a suspeita de intoxicação por metanol de um paciente que estava sob análise em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul. Outro caso, registrado em Porto Alegre, continua em investigação, com acompanhamento do Ministério da Saúde.
De acordo com o governo estadual, trata-se de um homem de 38 anos que relatou ter consumido bebida alcoólica supostamente oriunda do estado de São Paulo. Amostras de sangue foram coletadas e estão sendo analisadas para confirmar ou descartar a presença da substância tóxica.
Em nota, a SES reforçou que não há, até o momento, casos confirmados de intoxicação por metanol no Rio Grande do Sul.
Comitê
Diante da preocupação nacional, o governo do Rio Grande do Sul anunciou, na sexta-feira, 3/10, a criação de um comitê intersecretarial para monitorar e agir rapidamente diante de qualquer suspeita de bebidas contaminadas com metanol no estado.
A ação foi determinada pelo governador Eduardo Leite e reúne as secretarias da Saúde (SES), Segurança Pública (SSP) e Agricultura (Seapi). Também participam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), a Polícia Civil, a Brigada Militar e o Instituto-Geral de Perícias (IGP).
Operação intensifica fiscalizações
A Delegacia de Proteção aos Direitos do Consumidor (Decon/Deic) da Polícia Civil lançou a Operação Dose Letal no sábado, 4/10, com o objetivo de retirar de circulação bebidas alcoólicas adulteradas e identificar possíveis fraudes.
Durante as ações, 135 garrafas foram apreendidas, além de cigarros eletrônicos. As equipes concentraram as fiscalizações em pontos de venda com suspeita de comercializar produtos sem procedência ou com rótulos falsificados. “O uso de metanol em bebidas é um crime grave, que coloca vidas em risco. Nossa atuação busca proteger o consumidor e responsabilizar quem pratica esse tipo de fraude”, destacou a delegada Milena Simioli, titular da Decon.
IGP reforça dicas
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) orienta a população sobre como identificar possíveis falsificações em bebidas alcoólicas. Segundo a perita criminal Renata Duarte Sangalli, é essencial observar detalhes de impressão, tampa e lacre das embalagens. “O primeiro filtro está nas mãos do consumidor. Produtos com rótulos desalinhados, cores diferentes ou sem selo de controle devem levantar suspeitas”, explica.
Além da fiscalização, o IGP alerta para o descarte correto das garrafas e rótulos, a fim de evitar o reaproveitamento por falsificadores. Em caso de suspeita de intoxicação, procure atendimento médico imediatamente e leve, se possível, a embalagem da bebida consumida para análise laboratorial.
Casos sobem no país
Dados atualizados pelo Ministério da Saúde apontam que o número de notificações de possível intoxicação por metanol atingiu 225 em todo o Brasil. Desses, 16 foram confirmados e 209 permanecem sob apuração. Foram registradas 15 mortes, sendo que 13 ainda estão em análise.
O metanol é um tipo de álcool utilizado em processos industriais, como na fabricação de solventes e combustíveis, e não deve ser ingerido. Quando consumido, o fígado transforma a substância em compostos altamente tóxicos que afetam o sistema nervoso central, a medula e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma ou morte.
Denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo telefone 0800 510 2828.
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Orientações à população
As autoridades reforçam a importância de verificar a procedência de bebidas alcoólicas antes do consumo. As principais recomendações são:
- Compre apenas em locais de confiança e com nota fiscal;
- Examine o lacre e o rótulo, desconfie de falhas de impressão, erros de ortografia ou selos irregulares;
- Evite produtos com preço muito abaixo do mercado;
- Em caso de suspeita, não consuma e comunique imediatamente às autoridades.
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