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Estudo

Comer comida gordurosa pode atrapalhar a sua memória

Ilustração/Unsplash - Estudo analisou como a ingestão de alimentos gordurosos e calóricos podem mudar o funcionamento do cérebro, prejudicando a formação das memórias

Dietas ricas em gordura podem tornar células do hipocampo hiperativas, dificultando o consumo de glicose pelo cérebro - e, por tabela, interrompendo o processamento da memória 

Dietas ricas em junk food (alimentos ricos em gordura, açúcares e com alto teor calórico) podem estar ligadas com distúrbios metabólicos e aumento do risco de declínio cognitivo. É o que diz um novo estudo feito por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e publicado na revista científica Neuron na última quinta-feira, 11/9. 

Pesquisadores descobriram que alimentos gordurosos podem reconfigurar o centro de memória do cérebro, contribuindo para o risco de uma pessoa desenvolver uma disfunção cognitiva. A partir das descobertas, é possível identificar ações antecipadas para prevenir a perda de memória ligada à obesidade. 

A equipe observou que as células cerebrais no hipocampo, chamadas interneurônios CCK, ficam extremamente mais ativas após a ingestão de alimentos calóricos — indicando uma certa dificuldade cerebral de receber glicose. Mesmo após ter passado dias da ingestão de junk food, a hiperatividade das células continua interrompendo o processamento da memória pelo hipocampo. 

Alimentos ricos em gordura saturada, como hambúrgueres e batatas fritas, compõem uma dieta gordurosa e calórica. Além dos problemas cognitivos, a pesquisa identificou que o controle do uso de energia pelas células cerebrais é feito por uma proteína denominada PKM2, e que ela desempenha cumpre uma função fundamental na continuidade do problema. 

“Sabíamos que a dieta e o metabolismo poderiam afetar a saúde do cérebro. Mas não esperávamos encontrar um grupo tão específico e vulnerável de células cerebrais, os interneurônios CCK no hipocampo, que foram diretamente afetados pela exposição de curto prazo a uma dieta rica em gordura”, disse Juan Song, membro do Centro de Neurociências da UNC, em comunicado. “O que mais nos surpreendeu foi a rapidez com que essas células alteraram sua atividade em resposta à redução da disponibilidade de glicose, e como essa alteração por si só foi suficiente para prejudicar a memória.” 

Como a pesquisa foi feita 

A equipe de pesquisa submeteu grupos de camundongos a uma dieta rica em gordura, com a ingestão de alimentos calóricos. Após quatro dias de alimentação gordurosa, foram iniciados os testes comportamentais e como resultado, perceberam que os interneurônios CCK (localizados no centro da memória) estavam hiperativos. 

O estudo sugere que antes do indivíduo ganhar peso, os alimentos industrializados e altamente calóricos são capazes de afetar o cérebro quase imediatamente após a ingestão. Além disso, notaram que os circuitos cerebrais de memória são muito sensíveis às mudanças da dieta, reforçando a importância de uma boa alimentação para a saúde do cérebro. 

O hábito de ingerir alimentos com gordura saturada pode significar um alto risco de desenvolver doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e demência. 

Nos camundongos, os neurônios hiperativos ficaram mais calmos com a reparação nos níveis de glicose no cérebro e, com isso, os problemas de memória foram corrigidos. 

Como evitar o problema 

Segundo a pesquisa, alterações na dieta ou uso de medicamentos podem contribuir para preservar a saúde do cérebro nos casos de neurodegeneração relativos à obesidade. Inclusive, períodos de jejum intermitentes após a ingestão de alimentos gordurosos se mostrou uma medida eficaz na normalização dos interneurônios da CCK — sendo capaz de melhorar a função da memória. 

“Este trabalho destaca como o que comemos pode afetar rapidamente a saúde do cérebro e como intervenções precoces, seja por meio de jejum ou medicamentos, podem proteger a memória e reduzir o risco de problemas cognitivos de longo prazo associados à obesidade e distúrbios metabólicos”, afirma Song. “A longo prazo, essas estratégias podem ajudar a reduzir o crescente impacto da demência e do Alzheimer associados a distúrbios metabólicos, oferecendo um cuidado mais holístico que aborde tanto o corpo quanto o cérebro.” 

Os pesquisadores ainda querem entender melhor e obter mais informações sobre como os neurônios são sensíveis à glicose ao ponto de interromper o ritmo cerebral de sustentação da memória. Agora, a equipe pretende testar terapias direcionadas, para entender se dietas calóricas são um fator a mais para causar Alzheimer. O objetivo é expandir o estudo e analisar como estilos de vidas ou padrões alimentares estabilizam a glicose cerebral e seus benefícios de proteção à memória. 

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