URUGUAIANA JN PREVISÃO

Violência

Polícia Civil espanca homem com esquizofrenia

Divulgação/Arquivo pessoal - A vítima sofreu afundamento de crânio e segue hospitalizada. A irmã dele, com sequelas de AVC, também foi agredida. Os policiais alegaram ter sido atacados, mas familiares afirmam que não houve agressão e que os agentes se recusaram a mostrar o mandado.

Um homem de 43 anos foi agredido durante o cumprimento de Mandado de Busca e Apreensão (MBA) na região central de Uruguaiana. O MBA foi concedido por solicitação do delegado Cristiano Rita, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Bagé, em investigação por tráfico de drogas.

Em Uruguaiana os policiais compareceram ao endereço onde residem Lauro Félix Grillo, e sua irmã, Mara Glai Félix Grillo, que não têm qualquer ligação com o alvo da ação, uma mulher chamada Jéssica Franciane. Lauro sofre de esquizofrenia, e sua irmã não fala e tem dificuldades motoras em razão de um acidente vascular cerebral (AVC). Eles vivem na Rua XV de Novembro, 2689, entre General Canabarro e General Hipólito, no apartamento 4, enquanto o mandado de busca era para o apartamento 2.

A ação

O MBA foi cumprido por volta de 7h da última quarta-feira, 1º/10, por cinco policiais da Draco e 2ª Delegacia de Polícia, ambas de Uruguaiana. De acordo com a sobrinha dos irmãos, Carolina Schmidt, que mora cerca de meia quadra dos tios e lhes presta assistência, uma vizinha telefonou relatando o que estava ocorrendo e pediu que fosse imediatamente ao local. “Quando cheguei, não me deixaram subir (o apartamento fica no segundo andar). Eu vi que ele estava sendo agredido. Perguntei o que estava ocorrendo e não me respondiam. Quando insisti, ele (policial) disse que estavam atrás de uma mulher chamada Jéssica. Falei que ali não tinha ninguém com esse nome. Falei quem mora na casa e expliquei que meu tio era esquizofrênico. Foi quando eles algemaram meu tio e levaram para a UPA”, conta ela.

Carolina diz que pediu para ver o MBA e perguntou o endereço. “Eles disseram que era apartamento 2 e eu disse que aquele era o apartamento 4. Pedi para ver o mandado e eles disseram que estava na viatura, mas não me mostraram. A gente não teve defesa. Eles estavam apontando as armas, eu não pude subir para socorrer meu tio, e o tempo todo dizíamos que não tinha ninguém com esse nome lá e que eles estavam no endereço errado. Quando eles desceram, estavam sujos de sangue – o sangue do meu tio. Só um deles tinha um corte no braço. Meu tio não atacou ninguém, apenas tentou se defender quando começaram a agredi-lo”, finaliza.

A lesão

Lauro sofreu um afundamento de crânio causado por uma pancada com um pé de cabra usado para arrombar o imóvel, e foi hospitalizado na área vermelha do Pronto Socorro. Além de Lauro, Mara também foi agredida quando pegou o telefone celular para tentar se comunicar com os policiais. “É como ela se comunica, por mensagem, por texto. Eles acharam que ela ia gravar eles”, diz Carolina.

O delegado Wellington Pinheiro, titular da 2ª Delegacia de Polícia, compareceu à UPA para dar suporte aos policiais envolvidos e, ao ser questionado por Carolina sobre o MBA, disse que deveriam solicitar na Delegacia de Polícia. Ela compareceu à Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) para registrar ocorrência e disse ter aguardado por mais de uma hora sem ser atendida, e precisou retornar ao hospital onde o tio seguia hospitalizado até o fechamento desta edição.

As autoridades

Procurada pelo CIDADE, o delegado Wellington Pinheiro disse a ação não era de sua responsabilidade, mas da Draco de Bagé, e que comentaria os fatos no momento próprio. A delegada titular da 4ª Região Policial Daniela Barbosa de Borba, disse que esteve em Uruguaiana e acompanha a situação. Segundo ela, “havia mandado judicial a ser cumprido naquele endereço. Foi um pedido de apoio de uma Delegacia de outra região. Os policiais alegaram que foram agredidos. Restaram lesionados também. Eles alegaram que agiram para se defender e em cumprimento do dever legal”.

Questionada sobre eventual investigação da conduta dos policiais, bem como sobre a não apresentação do mandado de busca e apreensão, silenciou.

Polícia Civil espanca homem com esquizofrenia Anterior

Polícia Civil espanca homem com esquizofrenia

Operação conjunta resulta em prisão e apreensão de gado Próximo

Operação conjunta resulta em prisão e apreensão de gado

Deixe seu comentário