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Cátia Liczbinski

Dia 8 de Março - Dia Internacional da Mulher: podemos comemorar? (parte inicial)

"Eu não sou livre enquanto alguma mulher não o for, mesmo quando as correntes dela forem muito diferentes das minhas. " (Audre Lord)
O dia 8 de março representa um alerta para a reflexão e mobilização histórica do processo de reconhecimento das mulheres como seres humanos que merecem respeito. É um dia simbólico, pois apesar de todos os dias serem de lutas, a data se traduz num marco para a busca da dignidade, na luta contra as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas ainda hoje pelas mulheres.
A busca pelo reconhecimento sempre existiu, mas o marco que despertou para o dia Internacional da Mulher foi o incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 191 no dia 25 de março, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas.
As mulheres até hoje organizam movimentos que ocorreram em vários países da Europa, Estado Unidos e no mundo, em busca de seus direitos. No século XIX a luta foi pela redução da jornada de trabalho, que era de aproximadamente 15 horas diárias, com salários inferiores aos dos homens, abuso de trabalho infantil e sem qualquer garantia de proteção social, como licença maternidade.
Em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Em 1975 comemorou-se oficialmente o Ano Internacional da Mulher, e em 1977 o dia 8 de março foi oficialmente reconhecido pelas Nações Unidas como um dia especial para marcar a árdua luta feminista.
No Brasil os direitos das mulheres no Brasil surgem no início do século 20, com os objetivos de dignidade para a vida, trabalho e o movimento sufragista que garantiu o voto da mulher em 1932. A partir dos anos 1970 emergiram no país organizações que passaram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.
Analisar a violência contra a mulher é um aspecto muito triste e relevante. Segundo pesquisa a pesquisa de opinião "Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher - 2021", realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, a maioria das mulheres brasileiras (86%) percebe um aumento na violência cometida contra pessoas do sexo feminino durante o último ano.
Para 71% das entrevistadas, o Brasil é um país muito machista. Segundo a pesquisa, 68% das brasileiras conhecem uma ou mais mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, enquanto 27% declaram já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem.
De acordo com a pesquisa, 18% das mulheres agredidas por homens convivem com o agressor. Para 75% das entrevistadas, o medo leva a mulher a não denunciar. O estudo demonstra, que 100% das vítimas agredidas por namorados e 79% das agredidas por maridos terminaram a relação.
O problema da desigualdade, discriminação e violência em relação as mulheres pela razão de ser mulher, está diretamente ligada à cultura patriarcal, na qual o homem se sente o dono da mulher e ao entender que a mulher está escapando de seu domínio, busca, por meio da violência restaurar sua superioridade sobre ela.
Esse processo permanente na busca do espaço que é da mulher é marcado por várias lutas em diversos setores. Estes temas serão analisados nos próximos textos.

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