OCDE
Uso de IA em escolas do Brasil supera média internacional

Rovena Rosa/Agência Brasil - O Brasil ocupa a 10ª posição entre 53 países no uso de IA por professores, segundo pesquisa
Os educadores brasileiros estão entre os que mais utilizam inteligência artificial (IA) em suas rotinas de ensino. Segundo dados da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis) 2024, divulgada na segunda-feira, 6/10 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 56% dos professores do país afirmaram recorrer a ferramentas de IA em suas atividades pedagógicas, percentual bem acima da média entre os países participantes, que é de 36%.
O levantamento foi realizado em 53 países e ouviu docentes e diretores, especialmente dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano). A pesquisa busca comparar práticas de ensino e condições de trabalho em diferentes sistemas educacionais.
Planejamento e apoio pedagógico
De acordo com o estudo, o uso mais comum da IA no Brasil ocorre durante a preparação de aulas e atividades: 77% dos professores disseram empregar essas ferramentas para gerar planos de aula. Outros 64% afirmaram utilizar a tecnologia para ajustar automaticamente a dificuldade dos conteúdos conforme as necessidades dos alunos, enquanto 63% a usam para aprimorar o próprio aprendizado e resumir tópicos.
Entre os usos menos frequentes estão a análise de desempenho estudantil (42%), a criação de feedbacks e mensagens para famílias (39%) e a correção automática de trabalhos (36%).
Apesar do entusiasmo com a adoção dessas ferramentas, a OCDE ressalta que os impactos da IA na educação ainda são incertos. “Embora a inteligência artificial esteja se tornando parte do cotidiano, ainda há muitas dúvidas sobre o modo ideal de incorporá-la à aprendizagem”, destaca o relatório.
Desigualdade entre países
O uso da IA varia bastante ao redor do mundo. Em Singapura e nos Emirados Árabes Unidos, cerca de 75% dos professores afirmam utilizar essas ferramentas. Já em países como França e Japão, o índice não chega a 20%. O Brasil ocupa a 10ª posição no ranking global de adoção da tecnologia.
O estudo aponta que grande parte dos docentes brasileiros ainda sente necessidade de capacitação para o uso pedagógico da IA. As principais áreas de formação desejadas são: ensino de alunos com necessidades especiais (48%), uso de IA em sala de aula (39%) e educação em contextos multiculturais (37%).
Entre os professores que não utilizaram IA no ano anterior à pesquisa, 64% afirmaram que faltam conhecimento e habilidades para aplicar a tecnologia no ensino. Outros 60% mencionaram a ausência de infraestrutura adequada nas escolas, índice consideravelmente superior à média da OCDE (37%).
Tecnologia e ensino híbrido
A pesquisa também analisou o uso de recursos digitais em geral. No Brasil, 17% dos docentes lecionam em escolas onde ao menos uma aula foi ministrada de forma híbrida ou online no mês anterior ao levantamento, número próximo à média internacional (16%).
Em relação às percepções sobre as ferramentas digitais, 85% dos professores concordam que elas aumentam o interesse dos alunos pelo aprendizado. No entanto, o impacto sobre o rendimento escolar divide opiniões: em países como França e Finlândia, menos da metade dos docentes acredita que a tecnologia melhora o desempenho dos estudantes, enquanto em Vietnã e Arábia Saudita, o índice ultrapassa 95%.
Esta é a quarta edição da pesquisa Talis, conduzida no país pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), em parceria com as secretarias estaduais de Educação. As entrevistas foram realizadas entre junho e julho de 2024.
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