URUGUAIANA JN PREVISÃO

Execução penal

STJ julga se amamentação pode reduzir pena de detentas

Ilustração/Pexels. - Decisão sobre remição por amamentação sai dia 13.

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve decidir, na quarta-feira, 13/8, se os cuidados maternos prestados por mulheres presas, especialmente a amamentação, poderão ser reconhecidos como forma de trabalho, possibilitando a remição da pena. 

A questão é analisada no contexto de um Habeas Corpus impetrado pela Defensoria Pública de São Paulo, que pede o reconhecimento da atividade como apta a reduzir o tempo de reclusão. O julgamento será retomado com o voto do ministro Joel Ilan Paciornik, após pedido de vista. 

O relator do caso, ministro Sebastião Reis Júnior, já se manifestou favoravelmente à tese em abril. Para ele, a amamentação e os demais cuidados com os filhos exigem dedicação constante e esforço físico e emocional, configurando, portanto, uma atividade que deve ser equiparada ao trabalho para fins de remição. Ele propôs uma interpretação mais ampla do artigo 126 da Lei de Execução Penal (LEP), que atualmente prevê o benefício apenas para atividades laborais ou educacionais. 

A ampliação desse entendimento não é inédita na jurisprudência. Tribunais brasileiros já reconhecem, por exemplo, que a leitura de livros ou a produção de artesanato podem gerar redução da pena, mesmo não estando expressamente previstas na LEP. 

Especialistas enxergam a possibilidade de um avanço significativo. A advogada Cecilia Mello, do escritório que leva seu nome, considera que o julgamento pode representar um marco ao valorizar o chamado "trabalho invisível" das mulheres encarceradas, principalmente o cuidado com os filhos. “Essa é uma oportunidade para o Judiciário reconhecer a maternidade como uma forma legítima de cuidado e esforço, rompendo com a negligência histórica em relação ao papel da mulher dentro e fora do sistema prisional”, afirma. 

De acordo com dados do Ministério da Justiça, cerca de 44% das mulheres privadas de liberdade no país são mães. Dentre elas, mais de uma centena está em período de amamentação. No entanto, a ausência de uma norma específica sobre remição por cuidado materno ainda limita o reconhecimento pleno desses direitos no ambiente carcerário. 

Se acolhida pelo STJ, a decisão poderá estabelecer um novo entendimento sobre o papel da maternidade no sistema penal brasileiro, com reflexos diretos na execução da pena de mulheres que cuidam de seus filhos em contexto de privação de liberdade. 

Justiça anula cotas para pessoas transexuais na Furg Anterior

Justiça anula cotas para pessoas transexuais na Furg

CNJ lança plataforma digital para rastrear devedores em criptomoedas Próximo

CNJ lança plataforma digital para rastrear devedores em criptomoedas

Deixe seu comentário