URUGUAIANA JN PREVISÃO

Câmara dos Deputados

Aprovado PL que anula resolução do Conanda sobre aborto em casos de violência sexual infantil

Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados - A resolução do Conanda determinava que a interrupção da gestação em casos de suspeita de violência sexual não dependeria de boletim de ocorrência

A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 3/25, que suspende os efeitos da Resolução 258/24 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). A norma tratava do acesso de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual à interrupção da gravidez. O texto segue agora para apreciação no Senado Federal. 

De autoria da deputada Chris Tonietto (PL-RJ) e outros parlamentares, o projeto recebeu parecer favorável do relator, deputado Luiz Gastão (PSD-CE), e foi aprovado nesta quarta-feira, 5/11. Os autores alegam que o Conanda teria extrapolado suas competências legais, ao dispensar, por exemplo, a exigência de boletim de ocorrência policial para o acesso ao procedimento. 

A resolução do Conanda determinava que a interrupção da gestação em casos de suspeita de violência sexual não dependeria de boletim de ocorrência, decisão judicial ou comunicação aos responsáveis legais quando houvesse indício de que o abuso ocorreu no ambiente familiar. 

O texto também previa que, em caso de divergência entre a vontade da criança e a dos responsáveis, os profissionais de saúde deveriam acionar a Defensoria Pública e o Ministério Público para obter orientações sobre como proceder. Para os autores do PDL, esse ponto fere o Código Penal, que atribui aos pais ou responsáveis legais a tomada de decisão nesses casos, em razão da incapacidade civil de menores de idade. 

Outro aspecto contestado é o trecho que define como discriminatória, e não como objeção de consciência, a recusa do médico em realizar o aborto quando houver dúvidas sobre o relato da vítima. 

Durante a votação, o relator Luiz Gastão criticou a ausência de limite temporal para a interrupção da gestação na resolução do Conanda. “A norma não estabelece qualquer limite de tempo, o que, na prática, permitiria abortos em gestações já próximas de 40 semanas”, afirmou. 

Segundo ele, mesmo em países que permitem o aborto de forma mais ampla, como França e Reino Unido, há restrições de tempo para a prática. Gastão destacou ainda que, com o avanço da medicina neonatal, a viabilidade fetal aumenta significativamente após 24 semanas de gestação, o que tornaria a medida incompatível com o Código Penal e com o direito à vida do nascituro. 

A deputada Chris Tonietto defendeu a proposta e reforçou sua posição contrária à resolução. “A violência sexual não se combate com outra violência. É com o fortalecimento da segurança pública. Além disso, a norma sequer exige boletim de ocorrência do estupro”, afirmou.O projeto segue agora para análise do Senado, que decidirá se mantém ou não a suspensão da resolução do Conanda 


Aprovado PL que anula resolução do Conanda sobre aborto em casos de violência sexual infantil Anterior

Aprovado PL que anula resolução do Conanda sobre aborto em casos de violência sexual infantil

Vereadora propõe aplicativo e totens para incentivar lazer e turismo local Próximo

Vereadora propõe aplicativo e totens para incentivar lazer e turismo local

Deixe seu comentário