O pescador Rogério de Souza, de 45 anos, que havia desaparecido nas águas do Rio Uruguai na noite de quarta-feira, 26/11, foi localizado já sem vida na tarde de sexta-feira, 28/11, no território uruguaio, na cidade de Bella Unión. O corpo foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros local, que realizavam patrulhamento de rotina próximo ao balneário Los Pinos. 

De acordo com o Corpo de Bombeiros de Uruguaiana, Rogério saiu para pescar com dois amigos, Silvio e Richard, utilizando um barco de metal com motor. O trio seguiu rio abaixo, por volta das 21h, quando a embarcação colidiu com um tronco parcialmente submerso. O impacto fez o barco afundar quase imediatamente. 

Os sobreviventes relataram que conseguiram se agarrar ao próprio galho que provocou a batida e permaneceram ali durante a noite. Pela manhã, um pescador que acampava na margem brasileira avistou os dois e os retirou da água. 

Rogério, porém, havia se separado dos companheiros logo após o acidente. Segundo os relatos, ele tentou se manter à tona usando a tampa de uma caixa de isopor como apoio, mas a correnteza o levou para longe e ele acabou desaparecendo na escuridão. 

Assim que familiares comunicaram o desaparecimento, uma equipe do Corpo de Bombeiros de Uruguaiana, foi deslocada ao ponto informado pelos sobreviventes, na região conhecida como Arroio do Bonito, aproximadamente 20 quilômetros abaixo da área urbana. As buscas se estenderam pela margem brasileira e também pela margem argentina, sem sucesso. 

Relatórios internos dos bombeiros apontam que, pela força da correnteza, Rogério poderia ter sido levado por longas distâncias. A estimativa dos militares confirmou que o corpo percorreu cerca de 63 quilômetros desde o local do acidente, ou aproximadamente 83 quilômetros da Ponte Internacional Bella Unión - Barra do Quaraí, até emergir já próximo ao balneário uruguaio. 

Conforme informado pela Subprefeitura do Porto de Bella Unión, funcionários avistaram o corpo boiando no início da tarde. Um navio oficial da Marinha Nacional do Uruguai, que realizava monitoramento rotineiro, confirmou a situação e acionou imediatamente a Polícia de Artigas e o Ministério Público local. 

As autoridades uruguaias comunicaram o Corpo de Bombeiros de Uruguaiana, responsável pela ocorrência original, para proceder ao reconhecimento e acompanhamento do translado. 

De acordo com os Bombeiros à redação, familiares de Rogério, incluindo a irmã, o irmão e a esposa, fizeram o reconhecimento formal. Segundo a Marinha uruguaia, não foram observados sinais externos de violência, e o laudo médico oficial será entregue à família após a liberação judicial. 

A irmã de Rogério, Maria Elizandra de Souza, contou ao CIDADE como foi o processo para trazer o corpo de volta ao Brasil. Segundo ela, a família realizou o reconhecimento assim que recebeu a notícia do achado. “Depois do reconhecimento, voltamos para casa porque ainda faltava a certidão de óbito. No sábado, retornamos a Artigas, onde o documento foi emitido. A partir daí conseguimos liberar o corpo e realizar o translado. O sepultamento aconteceu no domingo”, relatou. 

Maria Elizandra destacou o apoio recebido durante todo o processo. “Fomos muito bem atendidos por todos, Bombeiros, Defesa Civil, Polícia do Uruguai, equipe da imigração, Marinha do Uruguai. Recebemos muita solidariedade do pessoal da Barra do Quaraí: o secretário, o vereador, o ex-prefeito, todos estiveram conosco, orientando e ajudando sem medir esforços para que conseguíssemos trazer o corpo. Só temos a agradecer. Em cada etapa, fomos recebidos com carinho e respeito.”