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Decisão

Médicos da Santa Casa anunciam demissão em massa

Helena Biasi/JC - Profissionais alegam recorrentes atrasos salariais e condições precárias de trabalho

O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) anunciou nesta sexta-feira, 21/8, que os médicos que atuam no Pronto-Socorro do Hospital Santa Casa de Uruguaiana decidiram rescindir seus contratos de trabalho. A decisão foi tomada em assembleia geral extraordinária, liderada pelo diretor do Simers, Felipe Cunha, de realizada na noite de quinta-feira, 21/8. 

De acordo com o Simers, os médicos votaram, por unanimidade, pela rescisão contratual individual. A decisão foi tomada por conta de recorrentes atrasados de salários e condições inadequadas de trabalho enfrentadas pelos profissionais. De acordo com os profissionais, a situação se arrasta desde fevereiro. 

Os profissionais cumprirão aviso prédio de 30 dias a partir do dia 29 de agosto e, portanto, deixam o serviço no dia 29 de setembro. 

Outros setores  

Além da saída dos médicos do Pronto-Socorro, outros setores do hospital também serão impactados. Consultas eletivas (ou seja, as que não urgência e emergência) e atendimentos ambulatoriais do serviço de oncologia ficarão suspensos. Serão mantidos apenas os pacientes em tratamento quimioterápico. Já o serviço de psiquiatria restringirá o atendimento a casos de emergência. Essas medidas também passam a vigorar a partir do dia 29 de setembro. 

Esses serviços não atendem apenas pacientes de Uruguaiana. No caso da oncologia, por exemplo, o HSCU é referência regional e recebe recursos específicos para manter os atendimentos para os municípios que integram a 10ª Coordenadoria Regional de Saúde (Alegrete, Barra do Quaraí, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, Santa Margarida do Sul, Santana do Livramento e São Gabriel). Atualmente, cerca de 900 pacientes estão em tratamento no serviço – são aproximadamente 50 atendimentos por dia. 

Durante a assembleia, os médicos informaram ainda que o setor de traumatologia já iniciou o processo de desligamento, com a entrega de cartas de rescisão individuais. Na pediatria, a responsável técnica e demais especialistas também formalizaram a saída, com aviso prévio encerrando em 31 de agosto, o que pode levar ao fechamento completo do setor. 

Procurada pelo CIDADE, a administração do Hospital Santa Casa disse que até o momento não recebeu nenhum documento oficial sobre o assunto, e que aguardará que tais documentos para então se manifestar. 

Crise financeira ou má gestão 

A partir do início do ano, se agravou a crise financeira no Hospital Santa Casa, que está recorrendo quase mensalmente aos cofres do município. Somente esse ano foram cinco aportes de dinheiro público, que totalizaram R$ 4,6 milhões extras, que se somam aos valores repassados mensalmente para manutenção de serviços como Pronto Socorro, Clínica Renal e Banco de Sangue. 

O primeiro foi em janeiro e, segundo a instituição, utilizado para compra de medicamentos oncológicos, no valor R$1,5 milhão. Já em março, recebeu R$200 mil para despesas de serviços; outros R$100 mil para manutenção da Clínica Renal em abril; R$1,5 milhão em junho, para pagamento de salários; e outros R$ 1,3 milhões neste mês, também para compra de medicamentos oncológicos. 

A principal fonte de recurso são os contratos firmados com o governo do Estado, através dos quais a instituição recebe as verbas para manutenção dos serviços prestados ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

Desde que a Prefeitura Municipal assumiu a Santa Casa, em janeiro de 2019, e designou a enfermeira Thais Aramburu como gestora, o hospital fechou leitos, contratou a peso de ouro os administradores hospitalares Newton Gonçalves e Claudinei Valim e inchou o quadro funcional, que hoje conta com quase 800 profissionais. 

As faltas de medicamentos e insumos são recorrentes, além da precariedade da manutenção de equipamentos essenciais ao atendimento dos pacientes, como o acelerador linear (responsável por aplicar radioterapia de pacientes com câncer). 

A má administração tem agravado a insatisfação dos usuários e contribuído também para o aumento da violência contra os profissionais – verbais e até físicas. 


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