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Sustentabilidade
Confira o que foi incluído e o que ficou de fora da Carta Final da COP30
Pablo Porciuncula/AFP via Getty Images - Apesar desses avanços, o texto não incorporou o roteiro proposto pelo Brasil e pela Colômbia para orientar a transição global para longe dos combustíveis fósseis e zerar o desmatamento
A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) terminou neste sábado, 22/11, em Belém, com avanços pontuais e um conjunto expressivo de pendências que deverão retornar à pauta em 2026, na conferência marcada para Antália, na Turquia. Embora o texto final tenha consolidado o chamado Global Mutirão contra a Mudança do Clima, uma mobilização internacional voltada a acelerar a implementação do Acordo de Paris - que tem o objetivo de manter o aquecimento global abaixo 1,5°C - questões centrais para a transição energética e para o financiamento climático ficaram de fora do documento aprovado pelos países.
Em uma de suas principais entregas, o acordo reafirma o compromisso global de manter vivo o limite de aquecimento de 1,5°C, celebrando a primeira década do Acordo de Paris e destacando a urgência de reduzir as emissões em 43% até 2030 e 60% até 2035. O documento também lança a Belém Mission to 1.5 e o Global Implementation Accelerator, iniciativas orientadas a fortalecer a cooperação internacional e apoiar países na execução de seus planos climáticos, além de pedir uma mobilização financeira de pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para nações em desenvolvimento.
Combustíveis fósseis fora do documento
Apesar desses avanços, o texto não incorporou o roteiro proposto pelo Brasil e pela Colômbia para orientar a transição global para longe dos combustíveis fósseis e zerar o desmatamento. A iniciativa, apoiada por mais de 80 países, foi bloqueada nas últimas horas de negociação por Arábia Saudita, China e Índia, grandes produtores e consumidores de petróleo e carvão. Com isso, o documento final sequer menciona combustíveis fósseis, repetindo a falta de avanços estruturais observada na COP anterior e frustrando delegações que pressionavam por uma diretriz mais clara para reduzir emissões.
Outro ponto sensível ficou por conta da Meta Global de Adaptação (GGA). Embora um conjunto de indicadores tenha sido aprovado, a lista final caiu de cerca de 100 para pouco mais de 60, reduzindo a abrangência e, segundo países do Sul Global, enfraquecendo os instrumentos destinados a medir o preparo das nações para enfrentar eventos climáticos extremos. No tema financeiro, o texto fala apenas em “esforços” para triplicar recursos de adaptação até 2035, sem definir quem deve pagar, quanto será destinado e quais fontes serão mobilizadas, lacuna considerada crítica por países vulneráveis.
Aquecimento Global
A distância entre as promessas feitas e o que seria necessário para limitar o aquecimento a 1,5°C também não foi endereçada. Embora o documento destaque o avanço de tecnologias e o crescimento recorde de energias renováveis, não há mecanismos novos para obrigar ou estimular países a elevar a ambição de seus planos nacionais. Especialistas alertam que o planeta já se aproxima rapidamente desse limite, e que a ausência de metas mais objetivas compromete a capacidade de conter danos irreversíveis.
As tensões geopolíticas marcaram os bastidores das negociações. Integrantes do Brics, China e Índia adotaram posições alinhadas à declaração anterior do grupo, que reconhecia o papel contínuo dos combustíveis fósseis em economias emergentes. Já países árabes atuaram para reverter o avanço registrado na COP28, quando pela primeira vez foi incluída no texto final a expressão “transição para longe dos combustíveis fósseis”. Delegados relataram que essas resistências foram decisivas para esvaziar o consenso em Belém.
Com várias questões em aberto, entre elas financiamento, mitigação e instrumentos para acelerar a transição energética, a COP30 encerra-se como uma conferência de avanços limitados, embora simbólicos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já indicou que continuará trabalhando no “mapa do caminho” em 2026, enquanto os debates sobre combustíveis fósseis, metas climáticas e a lacuna de financiamento devem retornar com força na próxima rodada de negociações internacionais.
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