CRISE
Santa Casa suspende internações pediátricas

Helena Biasi/JC - Pediatras se demitiram em razão de atrasados salariais reiterados e falta de condições de trabalho adequadas
O Hospital Santa Casa de Uruguaiana suspendeu as internações na unidade pediátrica da instituição. A medida entrou em vigor após o término do aviso prévio dos dois médicos pediatras que atuavam na unidade, e que pediram demissão.
De acordo com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), a decisão dos profissionais em se desligar da HSCU foi motivada pelos reiterados atrasos salariais e por más condições de trabalho, causadas por falta de insumos, materiais e de pessoal. Além dos dois pediatras, outros cinco médicos atuavam como apoio na unidade. No entanto, não é possível manter o serviço somente com esses profissionais, já que não são especialistas na área, e sim clínicos gerais.
Questionado sobre o tema, o novo gestor do HSCU, administrador Dionathan Nicorena, disse que não irá se manifestar. As poucas informações acerca da situação no hospital estão sendo fornecidas pelo secretário de Comunicação do município, Jeffersom Almeida. Conforme ele, não há previsão de retomada do funcionamento da pediatria. Os pacientes que chegarem à instituição serão atendidos por meio do pronto socorro municipal, estabilizados nesta unidade, e quem precisar de hospitalização será cadastrado no Sistema de Regulação de Internações Hospitalares (Gerint) em busca de leitos em outros hospitais.
Novo gestor
Nicorena diz que está focado “na análise situacional do nosso hospital e articulando internamente as primeiras ações da nova gestão”. Apesar ter assumido o comando da instituição nesta segunda-feira, 1°/9, ele já vinha atuando como assessor administrativo do HSCU desde o início do ano.
O administrador foi nomeado pelo prefeito Carlos Delgado (PP) na última sexta-feira, 29/8, para substituir a então gestora, Thaís Aramburu, a quem auxiliava. Thaís, por sua vez, estava à frente da Santa Casa desde janeiro de 2019, quando a Prefeitura Municipal assumiu a instituição, e foi demitida por Delgado na última quinta-feira, 28/8.
Serviços ameaçados
A saída dos pediatras ocorre no momento em que a Santa Casa enfrenta agravamento da sua crise financeira e este pode ser apenas o primeiro setor da instituição a parar. O Simers anunciou que, no último dia 21, os médicos que atuam no Pronto-Socorro decidiram rescindir seus contratos de trabalho e cumprirão aviso prévio de 30 dias a partir de 29 de agosto, ou seja, em 29 de setembro, eles deixam de atuar na Santa Casa.
Outra medida anunciada foi a suspensão de consultas eletivas (que não são de urgência e emergência) e atendimentos ambulatoriais do serviço de oncologia. De acordo com o Simers, serão mantidos apenas os pacientes em tratamento quimioterápico. Já o serviço de psiquiatria restringirá o atendimento a casos de emergência. Essas medidas também passam a vigorar a partir do dia 29 de setembro.
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