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Cátia Liczbinski

Etarismo, velhofobia, ageísmo: preconceito e discriminação além do crime

Envelhecer faz parte da vida, é um processo que se inicia com o nascimento. Com o aumento da qualidade de vida, também aumenta no mundo o número de idosos (considerados acima de 60 anos legalmente). No entanto, além do preconceito com pessoas acima de 60 anos,  vivencia-se a discriminação em relação às pessoas acima de 30, 40 anos, demonstrando o despreparo de uma parte da sociedade para conviver com a nova realidade.

No Brasil a população idosa representa em torno de 15% e está aumentando. Conjuntamente com esse crescimento, a sociedade necessita estar preparada, derrubando os estigmas e preconceitos.

Um fato que aflorou o tema relacionado à idade e envelhecimento foi  a divulgação de um vídeo no qual estudantes de Biomedicina de uma universidade particular de Bauru, no interior de São Paulo, debocham de uma colega de 40 anos. Uma das estudantes ironiza: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. Logo na sequência, outra jovem responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, concorda a terceira fazendo uma cara de deboche.

O absurdo de considerar uma pessoa de 40 anos idosa, e mesmo que fosse acima de 60 anos, é total despreparo e discriminação de uma sociedade manipulada, que cultua a juventude eterna, padrões de beleza impostos pelo mercado do consumo.

O etarismo é também chamado de ageísmo ou idadismo, carrega estereótipos e uma visão preconceituosa das pessoas. O etarismo pode ser definido como a discriminação, o preconceito e a aversão contra pessoas por conta de sua idade. Ele colabora para a segregação da população e está ligado aos padrões sociais construídos na sociedade, como a produtividade, o culto à juventude, o desigual acesso à novas tecnologias, são padrões que desfavorecem o desenvolvimento e a inclusão social da pessoa.

Segundo uma pesquisa da plataforma de vagas Infojobs, ainda é comum enfrentar situações em que os estereótipos falam mais alto. De acordo com o levantamento, que ouviu de 1222 profissionais, cerca de 57% dos entrevistados passaram por algum episódio de preconceito devido à sua idade. Ao todo, 55% dos participantes do estudo fazem parte da geração X, 36% da geração Y e 9% da geração Z.

E não importa se é jovem ou mais velho para sofrer com o peso dos preconceitos. Segundo a pesquisa, 73% dos profissionais da geração Y (nascidos entre 1980 e 1989) e Z (nascidos entre 1990 e 2010) sentem que são subestimados por serem mais novos. Por outro lado, 66% dos profissionais da geração X (nascidos entre meados da década de 1960 até 1979) sentem que os mais novos duvidam de seu profissionalismo.

No Brasil e no Mundo o etarismo é crime, a Constitução Federal Brasileira de 1988 e o Estatuto do Idoso proibem a discriminação contra a população idosa. A Constituição expressa no artigo 5º, inciso XLI, que “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”. O Estatuto do Idoso, por sua vez, além de proibir a discriminação contra a pessoa idosa, estipula penas e sanções para quem comete tal crime,  como penas de reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

É preciso, segundo especialistas, observar que a saúde da pessoa é algo a se orgulhar, o aumento da longevidade é a maior conquista coletiva da humanidade nos últimos tempos. Isso é um privilégio e mostra o quanto a sociedade foi e é capaz de vencer doenças infecciosas, de passar por guerras e fenômenos climáticos, de vencer doenças. Negar o envelhecimento de outras pessoas, discriminando-as em razão da idade, é negar a própria vida, pois todos seguirão pelo mesmo caminho – o do envelhecimento que, aliás, é um privilégio, quando se está preparado para ele.

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