Formação
Federasul promove debate sobre violência contra mulheres

Leonardo Fister/SSPRS - Mais de 1,1 mil medidas protetivas já foram concedidas online, segundo dados da Polícia Civil
Representantes da Segurança Pública, do Ministério Público e da sociedade civil gaúcha se reuniram, na quarta-feira, 28/5, para discutir medidas e estratégias no enfrentamento ao feminicídio e à violência doméstica. O encontro ocorreu durante o programa “Tá na Mesa”, promovido pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), reunindo cerca de 200 pessoas no Salão Nobre da entidade.
O secretário estadual da Segurança Pública, Sandro Caron, foi um dos palestrantes e destacou as ações integradas que vêm sendo implementadas no Rio Grande do Sul para coibir a violência contra a mulher. Entre as principais iniciativas, Caron ressaltou o papel das forças policiais especializadas, como as unidades da Polícia Civil e da Brigada Militar, e a importância do monitoramento de agressores.
“Nossa secretaria trabalha de forma integrada, com registros eletrônicos de ocorrências, possibilidade de solicitar medidas protetivas online e ações de inteligência articuladas com a Secretaria da Saúde. Esse intercâmbio de dados nos permite atuar preventivamente e, com isso, projetamos reduzir em até 15% os casos de feminicídio no Estado”, afirmou Caron, ao detalhar as ações estratégicas.
O debate também contou com a participação da delegada Tatiana Bastos, diretora do Departamento Estadual de Proteção aos Grupos Vulneráveis da Polícia Civil (DEPGV). Ela chamou a atenção para os desafios de prevenir crimes que ocorrem, muitas vezes, dentro do ambiente doméstico. “A vítima precisa se sentir segura para denunciar. Trabalhamos com equipes capacitadas, canais de acolhimento e um aparato estruturado com 23 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), além de 91 Salas das Margaridas e 31 cartórios específicos em todo o Estado”, detalhou.
Tatiana destacou ainda que a sociedade precisa fortalecer as redes de apoio e promover a educação para desconstruir padrões machistas que alimentam esse tipo de violência. “O feminicídio é o extremo de um ciclo que se origina na desigualdade e na cultura patriarcal. Precisamos transformar essa realidade”, enfatizou.
Por sua vez, a promotora Alessandra da Cunha, que coordena o Centro de Apoio Operacional Criminal e de Acolhimento às Vítimas do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), ressaltou que a prevenção, somada ao acolhimento humanizado, é fundamental para o enfrentamento desse crime. “Não podemos permitir que as vítimas desistam de buscar justiça por falta de acolhimento. Defendemos um trabalho articulado entre as polícias, o Judiciário e o Ministério Público para garantir segurança e apoio a quem denuncia”, afirmou.
Segundo Bastos, os canais digitais criados para denúncias e solicitação de medidas protetivas vêm sendo amplamente utilizados. “Desde a implantação do sistema online, já contabilizamos mais de 1.100 medidas protetivas concedidas, muitas delas emitidas de forma célere e eficiente”, informou.
O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, destacou a relevância de a entidade empresarial fomentar esse debate. “O feminicídio é um crime bárbaro que comove a sociedade e frequentemente gera grande repercussão nas redes sociais. Nosso papel enquanto entidade representativa, é abrir espaço para esse diálogo e colaborar na busca de soluções”, afirmou.
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