A febre amarela voltou a assombrar o Estado após a morte de dois bugios no interior de Santo Antônio das Missões. A suspeita é de que os primatas tenham sido vítimas da doença, o que reforçou o cenário de alerta à população e a importância da imunização.  

De acordo com o secretário municipal de Saúde de Santo Antônio das Missões, Lauro Barros Boccacio, a ocorrência foi comunicada à 12ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), que enviou uma equipe de técnicos ao local na segunda-feira, 28/7. Amostras de um dos animais foram coletadas para análise laboratorial. O outro estava em avançado estado de decomposição e não pôde ser examinado. 

A população da região foi orientada a notificar imediatamente qualquer morte ou adoecimento de macacos à Secretaria de Saúde. Isso porque os primatas não humanos são altamente sensíveis ao vírus da febre amarela e funcionam como sentinelas naturais da circulação viral no ambiente. 

Vacinação 

Em Uruguaiana, a cobertura vacinal contra a febre amarela atingiu 92,87%, conforme a coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Eduarda Oliveira. A imunização segue um esquema específico na cidade, devido às características do imunizante. 

Conforme Oliveira, os frascos da vacina são multidose e possuem validade curta após serem abertos, o que impede a aplicação contínua ao longo do dia, como ocorre com outras vacinas do calendário básico. Por isso, a aplicação da vacina ocorre em horários restritos. 

Na sala de vacina central, o atendimento para febre amarela é realizado de segunda a sexta-feira, até às 15h. Já nas Estratégias de Saúde da Família (ESF), a vacinação é feita apenas uma vez por semana, de acordo com o calendário específico de cada unidade.  

Eduarda também lembra que a vacina contra a febre amarela integra o calendário nacional de imunizações. A primeira dose deve ser aplicada aos 9 meses de idade, com um reforço previsto aos 4 anos, garantindo proteção eficaz contra a doença. 

De acordo com o Ministério da Saúde, a febre amarela é uma doença infecciosa aguda, com potencial de evolução grave e alta letalidade. 

A recomendação é que todas as pessoas entre 9 meses e 59 anos de idade estejam vacinadas, com pelo menos uma dose da vacina. Grupos específicos, como pessoas com imunossupressão, gestantes, lactantes com bebês menores de seis meses e alérgicos graves ao ovo, devem consultar um profissional de saúde antes da imunização. 

Transmissão 

Importante destacar que macacos não são transmissores da febre amarela. Eles são vítimas, assim como os seres humanos. O vírus é transmitido exclusivamente pela picada de mosquitos infectados, especialmente os dos gêneros Haemagogus e Sabethes no ciclo silvestre. 

Quando suspeitar da doença? 

Os primeiros sintomas incluem febre súbita, dor de cabeça, calafrios, náuseas, dores musculares e fadiga. Em casos mais graves, podem surgir icterícias, hemorragias e insuficiência de órgãos. Cerca de 15% dos infectados desenvolvem a forma grave da doença. 

A orientação das autoridades de saúde é que qualquer suspeita, tanto em humanos quanto em macacos mortos, deve ser notificada imediatamente à vigilância sanitária. No caso de animais, também é possível registrar ocorrências por meio do aplicativo SISS-Geo, que permite a notificação georreferenciada em tempo real. 

Entenda o ciclo da febre amarela 

Atualmente, o Brasil enfrenta apenas o ciclo silvestre da febre amarela. Nesse ciclo, o vírus circula entre primatas e mosquitos silvestres, podendo acidentalmente infectar humanos que entram em áreas de mata. O ciclo urbano, com transmissão pelo mosquito Aedes aegypti, não ocorre no país desde 1942. 

Segundo o Ministério, cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem febre amarela grave podem morrer. Assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas, é fundamental buscar ajuda médica imediata. Portanto, manter a vacinação em dia e informar as autoridades sobre casos suspeitos são as melhores formas de proteger a saúde coletiva.