João Eichebaum
O BODE EXPIATÓRIO OFICIAL
Jair Messias Bolsonaro apareceu do nada para o Brasil. Sua carreira no Exército foi encerrada, porque ele ousou se livrar da canga e da mordaça castrenses, levantando a voz contra a baixa remuneração dos militares, na época. A insubmissão à canga do regulamento militar não foi deglutida por seus superiores. Mas, em compensação, foi aplaudida pela população carioca, como atitude intrépida. E o prêmio popular que ele recebeu foi o voto, quando se candidatou a vereador.
De vereador passou a deputado federal, sempre com votação expressiva. Mas, essa votação nunca foi levada em conta na chamada “grande imprensa”, que o colocava no nicho do “baixo clero” do parlamento. Malgrado tal desdém, isso não deixou de ser uma grande vitória para ele, porque, mesmo não sendo um dos queridinhos da mídia dominante, foi deputado durante vinte e sete anos.
E de repente, para pasmo de quem só valoriza “celebridades”, Jair Messias Bolsonaro não só se candidatou, como obteve expressiva vitória na eleição para presidente da República. Mas, antes de chegar lá, quase pagou com a vida sua coragem de sair do anonimato que lhe votava a mídia gigante, para enfrentar nas urnas o candidato da esquerda.
Como não podiam eliminar todos os eleitores cuja intenção era revelada nas pesquisas, seus opositores resolveram então, de uma vez só, e para sempre, submetê-lo à expiação, pelo pecado de tal ousadia. Mas, a tentativa de assassinato se frustrou e, mesmo quando internado no hospital, entre a vida e a morte, sua liderança assumiu perspectivas maiores nas pesquisas eleitorais.
Mesmo tendo sido eleito presidente da República, suplantando, com expressiva votação, toda e qualquer dúvida quanto à vontade da maioria do povo brasileiro, Jair Bolsonaro continuou submetido à expiação. Só mudou o feitor.
Politicamente requerido, o Supremo Tribunal Federal passou a atender pedidos da oposição, para anular ou revogar atos praticados por Bolsonaro no exercício da chefia do Poder Executivo. Ao longo de toda sua gestão, o governo Bolsonaro esteve sujeito à fiscalização judicial, graças a iniciativas genuinamente políticas. Não que houvesse, nessa mania de levar interesses a juízo, algo de muito intrincado, difícil de separar o político do jurídico, como se fosse carrapicho grudado em pelego. Mas foi um meio encontrado pela oposição para conseguir, judicialmente, o que sua incapacidade, sua falta de tato e de argumentos não conseguia: quem mourejasse na canga com eles, no legislativo. E sua finalidade não era outra, senão desgastar a imagem política de Bolsonaro.
Findo seu governo, Jair Bolsonaro tropeçou em normas, provimentos e resoluções do Tribunal Superior Eleitoral e não conseguiu se reeleger. Mas sua expiação não parou por ali. Lula o elegeu, gratuitamente, como inimigo. Desde as eleições ele discursa contra Bolsonaro, como se ainda estivesse em palanque eleitoral.
Por conta do temor de sua liderança, a expiação de Bolsonaro continua, com processos e investigações pelos mais reles motivos: importunou baleia, apresentou falso atestado de vacinação, interferiu na Polícia Federal, vendeu joias...
Se tivesse roubado, ele não teria sido escolhido como bode expiatório...
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