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Compra de armas cai 91% no Brasil, mas número de fuzis cresce

Ilustração/Pexels - Transferência da gestão de CACs do Exército para a Polícia Federal visa controle mais rígido.

A política de controle de armas implementada pelo governo Lula (PT) reduziu drasticamente o número de armamentos adquiridos por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) em todo o país. 

Segundo dados obtidos pela Folha de S.Paulo via Lei de Acesso à Informação, houve uma queda de 91% na compra de novas armas em 2024, em comparação com o último ano da gestão de Jair Bolsonaro (PL), quando os registros chegaram a 448 319 unidades. Em 2024, foram registradas 39 914 novas armas. 

Ainda assim, os números mais recentes indicam uma preocupação crescente: só nos quatro primeiros meses de 2025, a quantidade de fuzis adquiridos já superou o total do ano passado, subindo de 1 063 para 1 248 unidades, representando um aumento de 17,4%. 

O Brasil convive hoje com um arsenal de aproximadamente 1,5 milhão de armas nas mãos de cerca de 980 mil CACs, a maioria delas adquiridas durante o governo anterior. De acordo com os dados do Exército e do Instituto Sou da Paz, 932 mil armas foram registradas entre 2019 e 2022. Desde o início do governo Lula, foram 234 mil novas aquisições, sendo 18 mil somente entre janeiro e abril deste ano. 

Fiscalização reforçada 

Desde 1º de julho, o controle sobre os CACs passou oficialmente do Exército para a Polícia Federal (PF). A transição, prevista para ser concluída até 29 de agosto, representa uma mudança estrutural no modelo de fiscalização. 

Para atender à nova demanda, a PF contratou 579 profissionais terceirizados e iniciou uma reestruturação interna, com previsão de abertura de novas delegacias especializadas em todo o país. O objetivo é garantir fiscalização mais próxima e uniforme. A PF também trabalha na unificação de sistemas e deve reforçar a fiscalização a partir de 2026, quando começa a renovação dos certificados de registro dos CACs. 

Um dos pontos mais críticos segue sendo a falta de recadastramento. Segundo levantamento da Folha, cerca de 7.600 armas de uso restrito compradas durante a gestão Bolsonaro não foram recadastradas até o momento, o que representa 15% desse tipo de armamento. O plano do governo Lula de implementar um programa de recompra de armas ainda está em fase de análise no Ministério da Justiça. 

Fuzis em destaque 

Apesar da queda geral nas aquisições, o crescimento na compra de fuzis em 2025 preocupa. Segundo o Instituto Sou da Paz, essa alta pode estar ligada à retomada da classificação por níveis, que possibilita, em determinadas categorias, a compra de armas de uso restrito. 

A preocupação com o desvio dessas armas também permanece. Relatórios anteriores apontam que uma parcela considerável do armamento em posse de CACs acaba alimentando o mercado ilegal. 

Mudanças na legislação 

Desde 2023, a gestão federal endureceu os critérios para compra de armamentos. As novas exigências incluem diferenciação entre níveis de CACs, checagem da ficha criminal, avaliação psicológica e comprovação de ocupação lícita. Além disso, o controle sobre as categorias de armamentos foi retomado, na mais alta classificação, por exemplo, um atirador pode adquirir até 16 armas, sendo oito de uso restrito. 

Ainda assim, especialistas avaliam que o desafio vai além da redução nas vendas. “Mais do que manter a queda nas aquisições, é essencial garantir que os registros ativos sejam fiscalizados e que as condições para posse e uso das armas continuem sendo respeitadas”, afirma Bruno Langeani, consultor sênior do Instituto Sou da Paz. 


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