URUGUAIANA JN PREVISÃO

Rubens Montardo Junior

Analfabetismo, vergonha nacional

Analfabetismo, vergonha nacional  

 
Na década de 70, o governo militar implantou o MOBRAL – cujo principal objetivo era o de promover a alfabetização funcional e educação continuada para os analfabetos de 15 anos ou mais, por meio de cursos especiais, com duração prevista de nove meses. Embora formalmente criado em 1968, o MOBRAL só foi efetivamente implementado a partir de 1971, durante o Governo Emílio Médici, cujo ministro da Educação era Jarbas Passarinho. Durante mais de uma década, jovens e adultos frequentaram as aulas do MOBRAL.  

A recessão econômica iniciada nos anos 80 inviabilizou a continuidade do programa, que foi encerrado em 1985. Em 1940, o analfabetismo no Brasil atingia 56,1% da população; em 1950 - 50,5%; 1960 - 39,6%; 1970 - 33,6%; 1980 - 25,5%; 1990 - 20,1%; e em 2000 - 13,6%. Infelizmente, depois de décadas, o analfabetismo ainda persiste e envergonha a nação brasileira. Entendo que para ter êxito um abrangente programa nacional de alfabetização precisamos unir esforços entre os governos federal, estaduais e municipais, com forte apoio e participação de entidades com credibilidade que atuam na sociedade civil, sendo que a maioria dos recursos financeiros devem ser aportados pela União. 

Atualmente, conforme o IBGE, temos 9,3 milhões de brasileiros que não sabem ler e nem escrever. No Brasil, o analfabetismo é maior entre idosos, pessoas que tiveram muitas dificuldades na vida e ficam desmotivadas e constrangidas. No Rio Grande do Sul, a situação é semelhante, pois considerando a faixa etária acima dos 60 anos, a taxa subiu de 6,8% para 7,4% entre os anos de 2022 e 2023, segundo dados do Pnad. No RS temos 256 mil pessoas analfabetas. Um dos objetivos do Plano Nacional de Educação, apresentado há 10 anos, era erradicar o analfabetismo em todo Brasil até o ano de 2024. Permanecemos distante desta meta. Sabemos que o maior problema se concentra na região Nordeste, com população com 11,2% de analfabetos em 2023. O Rio Grande do Sul tem uma taxa de 2,7%, considerando a população acima dos 15 anos de idade. Estes dados constam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua 2023, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2022, a taxa era de 2,5% no Estado e, em 2019, 2,4%. O cenário é de estabilidade, Ainda, cerca de 62,5% dos 256 mil analfabetos gaúchos são brancos, ou seja, 160 mil pessoas. Contudo, proporcionalmente, a população negra é a mais afetada. Hoje no Brasil a taxa de analfabetismo é de 5,4% (9,3 milhões de brasileiros); e no RS, é de 2,7%, o que equivale a 256 mil pessoas. A faixa etária com mais analfabetos no RS é de pessoas com mais de 60 anos (7,4%). Embora haja mais brancos analfabetos no RS, proporcionalmente 4,5% da população negra é analfabeta, enquanto na população branca esta proporção é de 2,2%.  

Considerando a faixa acima dos 60 anos, entre os negros o analfabetismo atinge 15,3% das pessoas e; entre os brancos, a taxa é de 5,8%. Em 2022, o investimento na alfabetização de jovens e adultos foi de apenas 3% do total que havia sido investido 10 anos antes, em 2012. De 1,5 bilhão de reais, a verba caiu para R$ 40 milhões. De 2017 a 2021, período de diminuição mais expressiva desse investimento, o RS registrou 48% menos matrículas em suas escolas para jovens e adultos. Sem dúvida que com a pandemia aumentou as desigualdades e o empobrecimento das famílias, agravando inúmeros problemas sociais. Todavia, esperamos que, num curto espaço de tempo, seja apresentada ao país pelo Governo Federal, uma nova proposta para combatermos de forma ágil e eficaz o analfabetismo que ainda perdura em pleno século XXI e envergonha todos os brasileiros.  

  

 

 

 

 


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