URUGUAIANA JN PREVISÃO

Economia

Famurs cobra medidas urgentes para enfrentar endividamento rural

Guilherme Pedrotti / Famurs - A carta pede, sobretudo, a securitização das dívidas dos produtores rurais

A Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) organizou um ato nesta segunda-feira, 16/6, em busca de solução para endividamento dos agricultores gaúchos. Foram convidados os 55 deputados estaduais, os 31 deputados federais e os três senadores gaúchos, além de representantes do governo do Estado e entidades como a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetag). 

Ao final no evento, uma carta aberta ao Governo Federal reivindicando soluções estruturais e emergenciais para a crise do endividamento rural que assola o estado foi assinada. O documento, que conta com o apoio de entidades como Fetag-RS, Fecoagro e Farsul, alerta para o risco de colapso do setor agropecuário e os impactos sociais e econômicos para os 497 municípios gaúchos. 

A carta classifica a situação atual da agricultura como uma das mais graves da história recente, agravada por eventos climáticos extremos como estiagens prolongadas e enchentes. Desde 2020, quase 2,9 mil decretos de emergência ou calamidade foram registrados no estado. As perdas econômicas já ultrapassam R$ 92 bilhões entre 2020 e 2025, sendo R$ 4,1 bilhões apenas na agricultura em 2024. Segundo a Famurs, 206 mil propriedades rurais foram atingidas diretamente pela enchente de 2024, comprometendo a produção e a capacidade de pagamento dos produtores. 

Uma das principais propostas da carta é a securitização das dívidas rurais, convertendo os débitos em títulos com garantia do Tesouro Nacional. A sugestão é que os pagamentos possam ser feitos em até 25 anos, com três anos de carência e juros reduzidos: até 1% ao ano para beneficiários do Pronaf, 2% para o Pronamp e 3% para os demais produtores e agroindústrias. A medida visa oferecer alívio financeiro e preservar o acesso ao crédito rural. 

Entre os pontos urgentes, o documento também solicita a criação de um Fundo Garantidor de Dívidas Rurais com recursos do Fundo Social do Pré-Sal, além da liberação de linha de crédito especial via BNDES com juros de até 4% ao ano para recuperação de solo e implantação de irrigação. Outra reivindicação é a ampliação do limite do Proagro para R$ 500 mil por produtor e a dispensa de vistorias em áreas com decreto de calamidade. 

A Famurs ainda pede a suspensão por 180 dias de execuções judiciais, protestos e negativações de produtores rurais, além de moratória tributária de seis meses para tributos federais incidentes sobre a atividade agropecuária, como INSS patronal e ITR. Para garantir a produção futura, solicita a isenção de impostos para equipamentos de armazenagem, programas de reconstrução de silos e elevação de preços de referência para produtos gaúchos no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). 

A federação reforça que a proposta está respaldada legalmente por dispositivos da Constituição e por leis específicas para situações de calamidade. A entidade propõe a edição imediata de uma Medida Provisória de Emergência para Reconstrução do Setor Rural, com cronograma acelerado e dotação orçamentária garantida. A carta conclui com um apelo ao Executivo Federal: “A escolha é clara — ou preservamos centenas de milhares de famílias rurais e a segurança alimentar nacional, ou assistimos ao colapso de um setor essencial para o futuro do Brasil. 

Principais Demandas 

  • Transformar as dívidas em títulos lastreados pelo Tesouro Nacional. 
  • Prazos de até 20/25 anos, com carência de 3 anos. 
  • Juros anuais máximos de 1% (Pronaf), 2% (Pronamp) e 3% (demais). 
  • Inclusão de dívidas já renegociadas ou judicializadas, com teto de renegociação emergencial de R$ 5 milhões por CPF. 
  • Criação de um Fundo Garantidor das Dívidas Rurais, com recursos de fundos constitucionais e sociais. 
  • Linha de crédito especial pelo BNDES para recuperação do solo e irrigação (juros até 4% a.a). 
  • Ampliação do limite do Proagro para R$ 500 mil por CPF. 
  • Suspensão de execuções judiciais e negativações por 180 dias. 
  • Moratória tributária por 6 meses para INSS rural, ITR, IRPF rural e Incra. 
  • Criação de linha de crédito emergencial (juros de 3% a.a, até R$ 500 mil por produtor). 
  • Subvenção ao seguro rural e modernização do Proagro. 
  • Redução de tarifas de importação de insumos a 0% e aceleração de registros no Mapa. 
  • Ampliação do PAA para R$ 2 bilhões, com preços 30% maiores para produtos do RS. 
  • Programa de reconstrução de armazéns, com financiamento a 1% a.a e isenção de impostos sobre equipamentos de armazenagem. 
  • Edição de Medida Provisória emergencial para reconstrução do setor rural. 


Famurs cobra medidas urgentes para enfrentar endividamento rural Anterior

Famurs cobra medidas urgentes para enfrentar endividamento rural

Deputada cobra explicações sobre falta de medicamentos em Uruguaiana Próximo

Deputada cobra explicações sobre falta de medicamentos em Uruguaiana

Deixe seu comentário