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Preso dono de mercado suspeito de movimentar quase R$ 500 milhões em esquema de lavagem de dinheiro no Estado

O dono de um mercado que funciona em São Leopoldo foi preso em flagrante, na quarta-feira, 22/11, durante uma operação de combate à lavagem de dinheiro realizada pela Polícia Civil. Conforme a investigação, o homem recebia altas quantias em dinheiro de um grupo criminoso e usava a empresa para dar aparência lícita aos valores. O empresário tem 40 anos e não teve o nome divulgado. A investigação, que durou quase dois anos, identificou outras sete pessoas envolvidas no esquema, entre elas um contador. Desde 2018, os criminosos chegaram a movimentar mais de R$ 473 milhões na conta da empresa. 

A ação foi deflagrada por volta das 5h e se encerrou no começo da tarde. Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em Uruguaiana, Canoas e Tramandaí, e outros sete mandados em São Leopoldo e Novo Hamburgo. O trabalho foi realizado pelas equipes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo. O efetivo contou com 41 policiais civis, seis peritos e 20 viaturas. 

 

Conforme a polícia, a prisão em flagrante ocorreu na casa do empresário, em São Leopoldo, por porte ilegal de armas de fogo. No local, as equipes apreenderam duas armas furtadas e quatro de calibre restrito, todas ilegais, além de calibres variados. 

Também foram apreendidos cerca de R$ 25 mil em cédulas de R$ 100 e R$ 200, em pacotes lacrados e escondidos pela residência, como no armário da cozinha, segundo as equipes. Três veículos — um Mercedes, uma caminhonete Fiat e um caminhão Iveco — também foram apreendidos, e estariam em nome do homem e da empresa. A companheira do preso, que estava na casa durante a ação, também é investigada pela polícia, porque também seria responsável pelo mercado. 

 

Mercado pequeno, dinheiro graúdo 

O mercado funciona de forma regular, no bairro Arroio da Manteiga, em São Leopoldo. Conforme a apuração policial, ao menos desde 2018 a empresa estaria envolvida no esquema. 

A polícia afirma que traficantes do interior do Estado, que integram uma facção com berço no Vale do Sinos, faziam remessas de dinheiro para a conta do comércio, que por sua vez repassava valores para indivíduos e empresas do RS e de São Paulo — que também são investigados por lavagem de dinheiro. 

“É um método que chamamos de mescla ou commingling, em que os criminosos se utilizam de um estabelecimento lícito, que tem renda, para incorporar ali o dinheiro sujo. Nesse caso, são valores que vêm do tráfico de drogas, que eram destinados a esse mercado. Além desse crime, há outro problema que é a concorrência desleal, o objetivo não é vender produtos do mercado, então os preços são muito mais baixos. Acaba quebrando todos os outros estabelecimentos que tem na volta”, pontua o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, titular da Draco de São Leopoldo. 

A investigação também mostrou que o mercado teve um crescimento financeiro muito maior do que o esperado para um comércio do ramo. Segundo a polícia, o local funcionava dentro deste esquema ao menos desde 2018. Até 2021, a empresa havia recebido um valor total de R$ 129 milhões de repasses em conta. 


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