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ELEIÇÕES MUNICIPAIS
“PDT está no jogo e tem condições de vencer a disputa”, diz Afonso Motta
Nilson Corrêa/JC imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Em recente visita a Uruguaiana, deputado falou ao CIDADE com exclusividade
Natural de Alegrete, o deputado federal Afonso Motta é uma das principais lideranças do Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Rio Grande do Sul e no Brasil. Neste ano, aliás, foi eleito o líder da bancada nacional do partido. Motta tem tido uma atuação bastante presente em Uruguaiana, onde conquistou 1 506 dos 70 307 votos que o elegeram para seu quarto mandato, em 2022.
Em recente visita a Uruguaiana, Motta conversou com exclusividade com o CIDADE e falou sobre o cenário político atual e sobre as perspectivas do partido em Uruguaiana, considerando o pleito de outubro.
JC - Qual o cenário do PDT em Uruguaiana?
Estou muito satisfeito porque acho que a liderança do Marcelo (Lemos, vereador e presidente local do PDT) está criando a condição essencial para participar do debate, está o legitimando para ser candidato. Não é fácil e um candidato da oposição, a gente sabe o que enfrenta. Mas Marcelo tem todas as condições de fazer um discurso oposicionista que não precisa ser muito programático, mas uma crítica daquilo que é essencial para a vida das pessoas. Tive a oportunidade de andar em vários bairros e a cidade está feia e malcuidada. Não tem capina nem no centro; tem muito buraco; tem muito asfalto desmanchando. Só fazer essa crítica, propondo uma mudança de rumo, já é bastante.
JC - Então o PDT está no jogo para disputar a Prefeitura?
A nossa visão é que o PDT está bem no jogo. Claro que sabemos do desafio, sabemos quem nós estamos enfrentando, mas acho que o PDT vai participar bem do debate.
JC - O PDT chegou a compor a base do governo municipal atual...
Exato. E por isso acho que tem uma facilidade. Tem o contraponto do “vocês eram governo”, mas acho que hoje a grande dificuldade é o cuidado com a cidade e com as pessoas. Então, é uma boa divergência, que não é radical.
JC - E continua no governo também...
Em parte, sim. Mas o líder maior e a maioria dos nossos companheiros de partido não estão no governo. Ficou um vereador e um grupo que a gente tem que respeitar. Mas a grande maioria está fora e está fazendo a crítica.
JC - Nessa construção de alianças, esse grupo ainda tem lugar no PDT?
Tem, com certeza. Tem lugar porque temos que partir da perspectiva de que temos possibilidade de ganhar a eleição. Ganhando a eleição tem espaço para todo mundo. E outra coisa que acho relevante: se um candidato a prefeito vai bem, por si só já pode significar uma vaga de vereador. As pessoas votam também na legenda do candidato a prefeito. Claro que o Marcelo vai fazer falta como candidato à Câmara; o Clemente (Corrêa, vereador pelo PDT), na eventualidade de não ser candidato pelo PDT vai fazer falta. Mas vamos ter candidaturas de expressão, que podem surpreender.
JC - O PDT vem trabalhando esses nomes já há bastante tempo...
Me surpreendi favoravelmente porque achei que poderíamos ter dificuldade em constituir a nominata. Hoje vi que temos nomes com voto. Temos pelo menos quatro mulheres – duas em boa posição, uma delas já foi bem votada e pode ser mais bem votada ainda, que é a Manoela (Couto, 1ª suplente do partido).
JC - E quais serão os principais desafios nessa corrida?
O Marcelo tem o desafio de procurar compor a coligação e de, uma vez composta, fazer com que os partidos coligados tenham também boas nominatas porque cada candidato a vereador é um ativista na defesa da candidatura do prefeito.
E ir para esse enfrentamento, que a gente sabe que é desigual. Quem tem o poder, quem tem o governo, a gente sabe que sempre tem algum tipo de vantagem. Mas acho que tem um bom ambiente para fazer oposição, uma crítica e um compromisso de mudança, principalmente nas questões relacionadas com a cidade e com a vida das pessoas. Se Marcelo avançar no campo popular – parece que as pesquisas estão mostrando a chance maior para ele no campo popular – acho que ele se fortalece muito.
JC - Parece que o PDT é o único partido de oposição e os demais fazem parte da grande coligação que dá sustento ao atual governo. Isso foi estratégico do PDT?
Desde o início o Marcelo defendeu muito, às vezes até com resistência minha, que tinha esse espaço de fazer uma oposição e sair do governo. Alguns ficaram? Ficaram! Mas o movimento foi feito e o Marcelo conseguiu ser reconhecido. As outras eventuais alternativas que também representam oposição, ainda que situadas num campo de mais radicalização – como PT, PCDB, PSOL – queira ou não, tem voto, tem significado. O PSDB também é uma sigla que nós temos procurado para estar conosco. A gente sabe que não é fácil, todos estão buscando seu espaço. Mas Marcelo cada vez se credencia mais porque está se apresentando, formando nominata, buscando aliados, visitando as pessoas.
JC - Com a participação do PDT no governo, chegou a se aventar a possibilidade de uma composição para a Majoritária. Isso se desmanchou?
O PDT nunca foi convidado para participar do atual governo na chapa Majoritária. Não fomos escolhidos como os parceiros preferenciais – nós estávamos no governo, mas a preferência não era por nós. JC - O partido está otimista em relação a esta candidatura?
Saio daqui muito motivado. Marcelo avançou bastante e está ocupando um espaço que não tinha imaginado há dois anos, quando a gente estava no governo. Sem demérito ou ofensa nenhuma, a atual administração caiu muito. E a olhos vistos. Não estou dizendo isso com grande conhecimento, mas simplesmente depois de andar na cidade. São obras incompletas, ruas esburacadas. É uma vergonha.
JC - Essa situação não é comum a muitos municípios, que enfrentam dificuldades por carência de recursos?
A governabilidade nos municípios está passando muito pelo alcance que o governo federal está proporcionando. A recuperação do ICMS sobre os combustíveis, por exemplo, já teve um significado muito grande – foram valores expressivos. O conjunto das grandes obras. A pandemia, quando muito recurso durante foi repassado – alguns municípios não souberam aproveitar e outros conseguiram. Ainda que falte recursos, em um município como Uruguaiana, com uma boa gestão, é possível recuperar a cidade. Tapar buraco e manter a cidade limpa não custa muito. O que custa muito é começar uma avenida, levar cinco anos trabalhando nela e não concluir.
JC - No âmbito federal, como o senhor avalia o cenário político, e quais os principais temas que devem ser abordados em 2024?
O mais relevante é que apesar das diferenças, de um certo tensionamento que continuou após as eleições, se conseguiu manter a governabilidade e ter um acordo para a política pública chegar aonde está a vida das pessoas. Saúde, recebeu e vai continuar recebendo um volume maior de recursos. Educação, apesar das dificuldades também está sendo priorizada.
Quanto à pauta, neste ano temos um conjunto importante de questões fiscais, que envolvem a continuidade do trabalho que o governo federal vem fazendo para ter regularidade fiscal e avançar nas receitas. Questões como as apostas esportivas, os cassinos virtuais; um eventual acordo, não que recupere a desoneração da folha, mas crie alternativas para o pagamento das empresas; a regulamentação da reforma tributária; e há o esforço para começar um debate sobre a reforma administrativa.
JC - Fale sobre sua atuação como líder nacional da bancada do PDT.
Essa posição me garante estar no colégio de líderes do Congresso, que examina previamente toda a pauta, todas as decisões – com a liderança do presidente da Câmara e do Senado. Por exemplo, há uma matéria relevante que vamos colocar em pauta e precisa definir quem será o relator. Bom, é uma oportunidade de colocar um relator identificado com o PDT.
Outro ponto importante é a indicação de recursos. O líder tem uma condição de contribuir com mais efetividade com recursos que possam chegar nos municípios. Meu compromisso com Uruguaiana, por exemplo: se o Marcelo for prefeito, só hoje em uma conversa informal, prometi R$ 10 milhões para asfaltamento, para tapar buraco. Essa é uma oportunidade estratégica e muito importante.
JC - O senhor elencou pautas que deverão ter sua atenção especial?
Há várias pautas na nossa região. A primeira delas é a duplicação da BR-290. Já entrou no orçamento de 2023 um valor importante e vamos concluir a etapa até Pantano Grande. Não vai ser suficiente, mas já tem mais de R$ 500 milhões nesses dois próximos anos e isso vai ser cumprido. Estamos trabalhando para ter um projeto que venha até Uruguaiana. Segundo é a Ponte Internacional, que está quase intrafegável. Outra questão é a fiscalização agropecuária, que conta com apenas um fiscal trabalhando e já prejudica Uruguaiana no comercio exterior. A questão da Ponte do Ibicuí também está na nossa pauta e vamos incorporar o hospital regional.
JC - O senhor é um dos representantes do Brasil no Parlamento do Mercosul.
Isso. São 27 deputados e dez senadores que representam o Brasil, e todos os meses têm uma reunião. É algo que a gente faz com muito prazer. Agora discutimos o acordo do Mercosul com a União Europeia. É um tema relevante. Não é fácil, mas é muito importante que o Brasil avance nas negociações.
É difícil dar efetividade, mas acho que a gente pode ter esperanças na questão da infraestrutura. Conseguir produzir um grande projeto ferroviário, por exemplo. Que possamos ter, senão um projeto, uma ideia de algo para daqui há 15 anos.
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