No último sábado, 15/3, a vice-reitora da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Francéli Brizolla, entregou o projeto do Hospital Universitário do Pampa (HUP) ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que estava na capital gaúcha para uma série de visitas a hospitais. 

O ato é visto com um avanço importante na luta pela criação do hospital. “Avançamos com um passo importante nessa caminhada, coletiva, que vem sendo feita por muitos e muitas, para a concretização desta tão esperada obra para a nossa Universidade, no Campus Uruguaiana”, afirma a vice-reitora. A partir desse contato, foi agendada uma reunião entre a Unipampa e o Ministério da Saúde no próximo dia 27 de março, em Brasília. 

O projeto tem o apoio da deputada federal, Daiana dos Santos, e contou com a articulação, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, da deputada estadual Sofia Cavedon, ambas as parlamentares acompanharam a agenda em Porto Alegre. 

Já na terça-feira, 18/3, no espaço da tribuna livre da Câmara Municipal de Uruguaiana, a direção do campus Uruguaiana da Unipampa apresentou as informações do pleito pela criação do HUP. A diretora Cheila Stopiglia tratou da importância da iniciativa considerada estratégica para o fortalecimento da saúde pública na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.  

De acordo com a direção da Unipampa, o projeto surge diante da expressiva carência de leitos hospitalares na região, especialmente nas áreas de média e alta complexidade. Atualmente, a Fronteira Oeste conta com um déficit superior a 400 leitos hospitalares. Apenas em Uruguaiana, seriam necessários mais 187 leitos para atender à demanda da população local, que ultrapassa os 117 mil habitantes. 

O hospital tem como proposta inicial a oferta de 180 leitos, o que deverá gerar mais de mil empregos diretos, considerando a estimativa de seis profissionais por leito. O orçamento anual de manutenção está projetado em R$ 270 milhões, valor que poderá ser custeado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal responsável pela gestão de 45 hospitais universitários federais. 

          O HUP será referência para os 13 municípios da Fronteira Oeste, abrangendo uma população de mais de 510 mil pessoas, que atualmente enfrenta longos deslocamentos para acesso a serviços especializados em saúde. "Hoje, para procedimentos de cardiologia, nossa referência é Ijuí. Em algumas situações, os pacientes percorrem quase 400 quilômetros a partir de Uruguaiana, o que dificulta o sucesso dos tratamentos e impacta diretamente no alto índice de mortalidade da região", destacou a diretora. 

A proposta chegou a ficar entre as mais votadas na plataforma Brasil Participativo, mas não foi inserida no Plano Plurianual (PPA) da União, restando a realização de novos estudos técnicos. Em resposta a esse cenário, a Ebserh realizou uma visita técnica a Uruguaiana e emitiu um parecer favorável à instalação do hospital. 

Demanda da Região 

O HUP será 100% com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, oferecerá serviços de forma gratuita. A região da fronteira oeste, de acordo com dados obtidos pelo DATASUS de 2022, é a que tem a menor incidência de hospitais do estado. Em contrapartida, o mesmo levantamento aponta que Uruguaiana está no grupo das cidades gaúchas com maior índice de mortalidade do estado.  

Os hospitais como Santa Casa de Uruguaiana (HSCU), Hospital São Patrício de Itaqui e  Hospital Ivan Goulart de São Borjaí, que são referências na região são todos particulares ou com caráter filantrópico.