Ameaça
PF descobre grupo de assassinos de aluguel para matar autoridades

Divulgação/PF. - Grupo investigado mantinha tabela com valores para execuções. Morte de ministro custaria R$250 mil.
A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira, 30/5, a nona etapa da Operação Sisamnes, que visa aprofundar as investigações sobre a rede criminosa responsável pelo vazamento e pela comercialização de dados confidenciais referentes a investigações conduzidas pela própria corporação.
Na quarta-feira, 28/5, a sétima etapa da operação mirando possíveis mandantes e coautores do assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023, em Cuiabá (MT).
As apurações revelaram a existência de uma estrutura criminosa composta por militares (da ativa e da reserva) e civis, especializada na prática de crimes graves, incluindo espionagem e execuções sob encomenda. O homicídio de Zampieri teria sido motivado por conflitos fundiários na região.
Durante a operação, os agentes identificaram uma organização criminosa empresarial denominada "Comando C4". Segundo os investigadores, a sigla faz referência ao "Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos", indicando os perfis das pessoas visadas pelo grupo.
As investigações também constataram que a organização mantinha uma tabela impressa com os valores atribuídos às execuções, variando conforme a função ou cargo exercido pela vítima. Entre os registros encontrados, havia anotações manuscritas citando autoridades brasileiras, incluindo parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com os documentos, o valor estipulado para o assassinato de um deputado seria de R$ 100 mil, enquanto a morte de um senador custaria R$ 150 mil e a de um ministro do Judiciário, R$ 250 mil. Matar uma pessoa comum custaria R$ 50 mil.
Entre as anotações apreendidas pela Polícia Federal, consta o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), como um dos alvos de interesse do Comando C4". Investigadores explicam que ele estaria "na mira" do grupo, mas destacam que apenas a análise completa do material apreendido poderá esclarecer o grau de monitoramento e as reais intenções dos criminosos.
Em nota oficial, Rodrigo Pacheco repudiou os fatos e cobrou rigor das autoridades. “Externo meu repúdio em razão da gravidade que representa à democracia a intimidação a autoridades no Brasil, com a descoberta de um grupo criminoso, conforme investigação da Polícia Federal, que espiona, ameaça e constrange, como se o país fosse uma terra sem leis. Que as autoridades competentes façam prevalecer a lei, a ordem e a competente investigação sobre esse fato estarrecedor trazido à luz”, declarou o senador.
Mandados judiciais
A ação cumpriu determinação do STF, com a execução de cinco mandados de prisão preventiva, seis de busca e apreensão, além de quatro ordens de monitoramento eletrônico. As diligências ocorrem nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais.
Também foram impostas medidas cautelares como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato entre os investigados e impedimento de saída do país, incluindo a apreensão de passaportes.
Origem das investigações
As primeiras fases da Operação Sisamnes ocorreram no fim de 2024, com foco em apurar crimes relacionados à formação de organização criminosa, corrupção, tráfico de influência e violação de sigilo funcional. A PF investigava um suposto esquema de venda de sentenças judiciais, que envolveria advogados, empresários, lobistas, assessores parlamentares, chefes de gabinete e magistrados.
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