URUGUAIANA JN PREVISÃO

BRIANE MACHADO

Um ócio sem fim

Oi! Tudo bem?

Está em quarentena também?

Como estão as coisas aí?

Nossa! Pra falar a verdade, sou uma incentivadora para que a quarentena seja respeitada e continue, porém, não é nada fácil ficar em casa por tantos dias assim sem precisar, com urgência, de ajuda do Universo.

Sempre falei que a rotina, vez ou outra, se apresenta como um abacaxi enorme que nos mandam para descascar com uma espátula de margarina, mas até que estou sentindo falta do caminhão deles que aparecia na minha porta - não sempre, claro.

Em alguns dias, essas limitações são vistas por mim como uma espécie de "presente", um tempo a mais para reorganizar as ideias, os planos, os sentimentos e a infinidade de gavetas que podem compor uma casa.

Em outros, já não posso dizer o mesmo. Pareço uma prisioneira sentenciada por uma grande pandemia que não tem hora e nem dia para acabar.

É forçoso ir ao supermercado, passar na farmácia e na padaria - únicos lugares que posso frequentar.

Se torna um calvário chegar em casa e higienizar tudo que perambulou a céu aberto: sapatos, bolsa, celular, chaves, sem falar que as roupas passam direto a lavanderia e por lá ficam trancafiadas, como se fossem contaminadas por algo letal - e, de fato, estão.

Não tem sensação pior do que a de estar predisposta a transmitir um vírus que tu nem sabe se está portando, se está contaminada.

Não tem santo, sabonete, água e álcool em gel que tire isso da cabeça do ser humano.

Já perdi as contas de quantos quilômetros faço dentro de casa: do quarto até a sala, da sala até a cozinha, da cozinha até o banheiro, com alguns obstáculos no corredor.

Obviamente, não estou trabalhando no escritório. Logo, o trabalho é feito de casa - ops! Já terminei o trabalho.

Para passar o tempo mais rápido, todo dia faço maquiagem, na doce ilusão de que se eu me maquiar a vontade de me sentir mais útil virá com aquelas camadas de rímel e com as maçãs do rosto rosadas.

Vamos combinar que um batonzinho não faz mal a ninguém. Mas estou me sentindo uma participante do BBB: trancada em casa, arrumada para ficar na sala, sem contato com o mundo exterior.

Hoje eu fiz pães. Fui até o supermercado comprar os ingredientes que faltavam (com aquele receio habitual e respirando duas ou três vezes por minuto).

Estou até me surpreendo como posso economizar horrores por um alerta sobre o agravamento da situação econômica do país.

Mas, voltando ao assunto, quando cheguei em casa, segui o protocolo criado por mim (aquele da máxima higienização), respondi alguns e-mails, pesquisei sobre um assunto do trabalho e fui sovar a massa.

Os pães renderam e, por causa deles, ocupei 3 horas do meu ócio de forma produtiva.

Não tenho muitas opções para preencher o tempo.

Sim, já li livros, estou assistindo aula on-line e, mesmo assim, parece que o tempo se arrasta.

Você também está na mesma situação?

Tens alguma sugestão do que fazer para ocupar o tempo?

Acho que já zerei os vídeos sobre as previsões do horóscopo para abril e, estranhamente, todas elas estão baseadas na pandemia. Chega dar um nervoso.

Como se ocupa a cabeça se todos os lugares falam sempre do mesmo assunto?

É, eu já fui essa pessoa - até a semana passada.

Mas estou tentando fazer um detox. Consegui fazer no último final de semana.

Está difícil inventar passatempo se não tem como comprar uma revista de caça-palavras.

Enfim, espero que tudo fique bem. Logo.

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