URUGUAIANA JN PREVISÃO

BRIANE MACHADO

Tenha em mente que...

Estamos em sinal de alerta. O mundo está.

Dia após dia, buscamos atender as medidas de prevenção que são informadas a cada segundo nos noticiários mundiais.

Por aqui, ainda não chegamos ao estágio do medo - pelo menos, a maioria de nós está tentando se manter em pé diante do caos que permeia a Terra.

Sobre a realidade posta, eu não gosto nem um pouco do que vejo e por um motivo muito claro: o que está fora do nosso campo de visão, fora do raio de convivência rotineira que assiste a cada um de nós, está passando despercebido.

Desculpe o desabafo.

Mas não consigo manter a tranquilidade sabendo que a vulnerabilidade anda ali fora, onde não temos acesso diário.

É bom saber que empatia, responsabilidade e respeito estão de mãos dadas contra a propagação da crise que vem nos assolando.

Estamos buscando juntos fortalecer as barreiras de contenção.

Porém, não encontro respostas para justificar inúmeras perguntas que batem como pancadas na cabeça de quem tirou a venda que cobria os olhos.

É fácil para alguns comprar água, estocar o mínimo de alimentos, manter a higienização das mãos e ambientes e adquirir álcool em gel.

Mas, para a grande maioria da população mundial, é difícil manter isolamento quando seis pessoas residem em um único cômodo; quando esses cômodos não são divididos ou quando no cômodo vizinho, há outra família.

Muitas destas famílias não contam com saneamento básico, não é fornecida água para manter a higiene correta.

Inúmeras crianças fazem da refeição disponibilizada pelos educandários da rede pública a única do dia.

Muitos pais precisam que seus filhos frequentem creches para que possam trabalhar, na maioria das vezes, como trabalhador informal, ou seja, sem resguardo algum, contando com a própria sorte para levar alimentos para casa.

Idosos em situação de vulnerabilidade contam com o cuidado e tratamento disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, o qual não terá leitos caso a pandemia se alastre por aqui como vem acontecendo na Europa.

Como serão avaliadas as possibilidades de aumento em todos os tipos de violência?

Como a população em situação de rua será assistida?

Como os indígenas serão atendidos, visto que precisam de tratamento diferenciado por contarem com menor imunidade a doenças?

Todas essas questões estão sem respostas. Não estamos preparados para suportar uma pandemia que já enfraqueceu o continente europeu. Não estamos prontos para responder as questões socioeconômicas.

Não temos leitos. Não temos saneamento básico para todos. Não temos planos de emergência.

Temos que deixar de lado a visão cética de que vivemos em uma bolha; que nada afetará; que estamos longe do caos.

Olhe pela janela. Ele está ali fora.

Projete a empatia para fora do seu círculo. Entenda que não é somente por si, por sua família. É por todos. Por cada ser humano que habita o planeta.

Pense além.

 

Um ócio sem fim Anterior

Um ócio sem fim

Papel e caneta Próximo

Papel e caneta

Deixe seu comentário