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Caso Rafael

Namorado da mãe, irmão, pai e avó do menino prestam depoimento

Juliano Verardi/TJRS/JC imagem ilustrativa - fireção ilustrativa -

O segundo dia de julgamento de Alexandra Salete Dougokenski, acusada de matar o próprio filho, foi marcada por fortes emoções e grandes discussões entre o Ministério Público e a defesa da acusada. Alexandra é acusada de, em maio de 2020, ter matado o filho, Rafael Winques, de 11 anos, na cidade de Planalto, no norte do Estado. O julgamento está sendo realizado no Salão do Júri daquela comarca, presidido pela juíza de Direito Marilene Parizotto Campagna e transmitido ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

Alexandra responde pelos crimes de homicídio qualificado (motivo torpe, motivo fútil, asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa), ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual. Ela está presa.

O primeiro depoimento do dia foi o de Delair Pereira, que à época do crime namorava Alexandra. Bastante emocionado, ele descreveu a relação que tinha com os dois filhos da então namorada, que os queria como filhos. Também descreveu a relação de Alexandra com os filhos como "tranquila", disse que ela era "organizada e amorosa" com eles e que tinha uma excelente relação com os meninos. Ao ser questionado pela defesa de Alexandra, se tinha conhecimento acerca de declarações de Rafael, dizendo que queria ser filho dele, Delair chorou.

Anderson Vinicius Dougokenski, o filho mais velho de Alexandra e irmão de Rafael foi o segundo a ser ouvido. Ao entrar no salão do júri, foi abraçado pela mãe, que chorava. Anderson foi questionado pelo Ministério Público acerca de mudanças em seus depoimentos, mas manteve a versão de que, na noite do desaparecimento do irmão ouviu barulhos na porta ou portão, que era de lata, e que ouviu uma voz parecida com a de Rafael, dizendo "não pai" e "para pai", mas que não deu importância porque acreditou que era na casa do vizinho. "Ninguém lá em casa tinha pai. O único pai era o do vizinho", disse.

Anderson também contou que não tinha uma boa relação com o pai de Rafael, Rodrigo Winques, e que a mãe tinha um relacionamento de idas e vindas com Rodrigo. "Eu pedia para ela que não voltasse com ele, mas ela voltava. Acho que ela tinha medo dele", disse. Anderson também relatou ter sido abusado por Rodrigo enquanto ele vivia com Alexandra, e que isso começou a acontecer antes mesmo de Rafael nascer.

Já na tarde, Rodrigo Winques foi ouvido. O pai respondeu aos questionamentos do Ministério Público, falou que tinha uma boa relação com o filho e com o ex-enteado. Teceu comentários acerca do relacionamento com a mãe do menino e disse que o relacionamento acabou por sua vontade, após descobrir traições por parte da mulher.

Encerrada as perguntas do Ministério Público, o advogado de Rafael disse que ele não responderia os questionamentos da defesa de Alexandra. Ele chegou a responder algumas perguntas, como a data de nascimento do filho - o que não soube dizer. Questionado acerca da fala do ex-entiado, Rodrigo se recusou a responder e foi dispensado pela juíza.

Ele também se recusou a participar do procedimento de acareação com a ex-mulher. O procedimento tem a finalidade de apurar a verdade, por meio do confronto entre partes, testemunhas ou outros participantes de processo judicial, quando houver divergência nas suas declarações. A acareação foi deferida em razão da tese de defesa de Alexandra, que aponta Rodrigo como o verdadeiro autor do crime.

O depoimento mais curto foi de uma professora de Rafael. Izaílde Batista, a mãe de Alexandra, prestou depoimento a seguir. No início, ela precisou ser retirada do salão do júri para após passar mal. Quando retornou, disse que tanto Alexandra quando Rafael tinham uma relação difícil com Rodrigo Winques, e que o menino não se dava bem com o pai. "O Rafa nunca chamou ele de pai. Ele chamava de demo", disse. "Quero que Deus me mate aqui se não foi esse homem que levou o menino de casa, vivo", disse.

Izaílde também disse que acredita que o ex-genro planejou a morte do filho e contou que viu Rodrigo 'rondando' a casa da filha dois meses antes. Segundo ela, porque o menino "sabia demais". "Teve uma vez que o Rafa contou que ele [Rodrigo] empurrou ela [Alexandra] na cama e foi pegar uma faca. O Rafa se deixou sobre ela para que ele não a matasse".

Quanto a noite do desaparecimento, ela disse que ouviu um carro chegando, ouviu barulhos e vozes. Disse que o filho, Jean, também ouviu gritos dizendo 'para pai' e 'não pai'.

A expectativa é de que o julgamento se estenda por mais dois ou três dias. Ao todo, são onze testemunhas em plenário, entre as arroladas pela acusação e pela defesa. Três delas não moram em Planalto e irão depor por videoconferência.


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