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João Eichbaum

O Forum boca livre de Lisboa

A “micareta do Gilmar Mendes”. Foi assim que o colunista Kotsho apelidou o “forum jurídico”, realizado em Lisboa pelo “Instituto Brasileiro de Ensino Desenvolvimento e Pesquisa”, um estabelecimento comercial, fundado pelo Gilmar Mendes e Inocêncio Mártires Coelho em Brasília. Para quem não sabe: micareta é o nome que se dá a um carnaval fora de época. E esse “forum jurídico” é uma mistura de parolagens com lautos banquetes, nos melhores lugares de Lisboa, onde banqueiros como André Esteves, que só entende de dinheiro, faz companhia para magistrados participantes da “boca livre”.

Como todo mundo sabe, o carnaval é um faz de conta em que o povo se diverte. Mas no “forum” do Gilmar Mendes, quem menos conta é o povo. O povo fica de fora. Lá, o que conta mesmo são os gogós rompantes, que os acadêmicos e doutores mostram para uma plateia de quem acredita em lobisomem.

No dizer do falado Instituto do Gilmar Mendes, “acadêmicos, juristas, e representantes da sociedade civil organizada do Brasil e da Europa estarão lá reunidos para dialogar sobre desafios, visões, e diferentes aplicações de tecnologias como fator estratégico de governança para gerar conhecimento e inovação, de modo a alcançar melhorias na qualidade de vida da sociedade”.

A coluna é pequena para enumerar a quantidade de autoridades convidadas pelo Gilmar Mendes, nesse ano. Mas, aqui vão alguns nomes: ministros do Supremo Tribunal Federal Luiz Roberto Barroso e André Mendonça, ministros do Lula José Múcio, da Defesa, Jorge Messias, da Advocacia Geral da União, e Vinicius Carvalho, da Consultoria Geral da União. Aparecem ainda, como palestrantes, André Esteves, do PTG Pactual, do ex-presidente Michel Temer, dos presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, e do deputado Orlando Silva.

Para quem não se lembra, o Michel Temer é aquele senhor que, pendurado nos votos da Dilma, levou uma bela mulher, recatada e do lar, para ornar o Palácio Jaburu, em cujos porões ele privava, na calada da noite, com um sujeito que dedou meio mundo para, com prêmio de delação, se livrar de uns anos de cadeia. O currículo de Orlando Silva, no qual não consta curso universitário, não lhe dá autoridade científica, para falar sobre o que quer que seja, e Luiz Roberto Barroso é aquele ministro que, numa sessão do STF, dirigiu, para Gilmar Mendes, amabilidades desse teor: “me deixa fora desse seu mau sentimento, você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia, vossa excelência não consegue articular um argumento...”

Donde se conclui que o Barroso, futuro presidente do STF, foi para lá convidado a fim de ajudar Gilmar Mendes a desembaraçar as ideias e “articular argumentos”.

Nada há, a partir de tais precedentes, que possa trazer “melhorias na qualidade de vida da sociedade”. O que a sociedade quer saber, mesmo, é quem é que paga esse blablabá de boca livre em Lisboa, longe do povo, que arca com os subsídios de políticos e juízes.

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