URUGUAIANA JN PREVISÃO

BRIANE MACHADO

Uma pequena comemoração

Há um ano, recebi a resposta de um e-mail sobre a possibilidade de publicar crônicas em um jornal de circulação na cidade.

Eu não estava em Uruguaiana, mas estava aguardando, ansiosamente, o recebimento daquela resposta e, quando ela chegou, foi imensamente comemorada.

Embora tenha a minha profissão e estou feliz nela, o Jornalismo, as bancadas de notícias e a redação sempre fizeram meu coração bater mais forte e ele foi motivo de grande incentivo por minha avó, que achava linda a profissão e queria um (a) neto (a) jornalista.

O sonho dela foi frustrado. Quando escrevi a minha primeira coluna - e a ela dediquei - já não estava mais aqui, porém, tenho certeza, que estava feliz.

E assim escrevi: "Naquela cidadezinha, com ruas de paralelepípedo, é possível respirar vida. Tal qual abraço de vó, tem aconchego em cada curva das estradas de terra que contornam o eixo da felicidade. Não é preciso caminhar muito para sentir o cheiro da massa de pão vindo de algum dos chalés de madeira daquela rua. Casas com quintais que mais parecem santuários cítricos: os pomares são milimétricamente arrumados para contrastar com a imensidão colorida das mais variadas flores. Há vida ali. Pela manhã, os sinos da igreja anunciam a hora do café: pães, frutas, bolachas e amor. É um presente.".

Eu não estava na casa da minha avó, não sentia o cheiro dos seus pães, nem dos quitutes que eu tanto gostava e que ela sempre os fazia para nos esperar, mas, de igual forma, era sobre a casa de uma avó que agia de tal forma: tal qual a minha avó, igual a sua avó.

Após, escrevi sobre a previsão de tempo que se transforma em assunto em qualquer fila de banco ou supermercado.

Escrevi sobre a Independência do Brasil e o quanto a democracia ainda é um assunto difundido como tabu para muitos: "enquanto seres humanos, temos a liberdade de não nos submetermos aos posicionamentos de outrem e governarmos a própria vida com base no que achamos por certo. E isso não irá ferir a liberdade de quem está ao lado - acredito que a palavra "respeito" acabou de ser traduzida.".

Não podia deixar de dedicar uma crônica para "o amigo da galera", aquele que nos acompanha diariamente. Sim, o café. E assim disse: "Convenhamos que o cotidiano não parece fácil para a maioria e, talvez, esta seja a real motivação de colocar tanta esperança em alguns mililitros deste líquido amargo e sem teor alcoólico, visto que se trata da bebida universal responsável por colocar em pé os seres humanos e seus planejamentos.".

Tantas datas comemorativas foram abordadas: Carnaval, Dia das Mães, Dia dos Pais, Natal, Ano Novo. Em todas elas, alguns conceitos históricos que, talvez, não sejam lembrados ou nem tenhamos conhecimento sobre suas origens.

Escrevi sobre a cultura da fronteira oeste: Em todo e qualquer lugar, há histórias vivas que são contadas dia após dia em uma ciranda de fatos, pessoas e fases que permeiam o presente e devem ser conservadas para o futuro. (...) Visitar o passado é guiar o futuro.".

Decidi escrever sobre o minimalismo. Após alguns meses, me deparo com uma pandemia que vem desintegrando planos e, de certa forma, nos ensinando sobre o devido lugar de cada coisa. Ensina-nos sobre ter fé e força, sobre ser grato.

Hoje, publico essa retrospectiva textual para dizer que escrever é, sem dúvida, a melhor maneira de chegarmos ao outro, de levar alento ou, simplesmente, para nos colocarmos diante da igualdade. Embora a vida de cada um seja diferente, as rotinas podem se assemelhar.

Meu agradecimento a cada um dos leitores que faz essa escrita ser possível.

Obrigada, vó!

Saudades dos pães com calda de açúcar.  

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