URUGUAIANA JN PREVISÃO

Briane Machado

Sua grama, seu fertilizante.

Ultimamente, só precisamos ligar a televisão para nos depararmos com inúmeras teses discursivas sobre os mais variados temas que estão em voga.
Acontece que, há possibilidade de nos perdermos em meio a tantos debates, muitas vezes, infundados.
O mesmo acontece quando decidimos analisar postagens sem procedências em redes sociais. Como todos nós sabemos, a internet é "terra de ninguém", isto é, o que cai na rede possibilita interpretações diversas, as quais são passíveis de causar estragos homéricos.
Mas, o que não passa despercebido é a quantidade de gente falando, diariamente, sobre empatia e amor ao próximo - vamos dar aquela licença poética para quem realmente tem propriedade para falar sobre o assunto porque precisamos ser justos.
E o "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" está tomando proporções difíceis de conter. Mas qual seria o motivo de tanta pregação e pouca atuação?
Explico de forma clara e simples: é mais fácil postarmos aquilo que faz bem aos olhos e ouvidos do que expormos quem realmente somos.
Os jornais estão fadados a dar notícias tristes e revoltantes. As redes sociais têm o "dever" de nos dar acalanto e beleza.
Todo dia vemos a perfeição através de fotos retocadas, paisagens de tirar o fôlego, brindes com champanhe importado, mesas com um cardápio espetacular. E, então, nos acostumamos a ver o que o outro quer mostrar, mas não necessariamente o que é a realidade.
"Ah, mas tu nunca usaste filtro nas tuas fotos"? Sim, uso.
A questão é que nenhum ser humano presente na terra tem uma vida perfeita. Vemos uma parcela mínima do que é exposto e, a maioria pensa que a vida do outro é um mar de rosas. Aquele velho clichê de "a grama do vizinho é mais verde".
Dificilmente, alguém irá postar a realidade do dia-a-dia, o rosto sem maquiagem, o cabelo não tão bom, a cara de quem passou a noite com dor de barriga ou a pilha de boletos atrasados.
E daí vem aquilo que chamamos de "meta de vida", "corpo perfeito", "rosto zero defeitos", "viagem dos sonhos".
O fato de fulano ter passado as férias nas Maldivas não invalida a felicidade que posso ter sentido ao passar o final de semana no interior. O corpo da Maria é lindo, mas não quer dizer que o meu seja horrível.
O que o outro faz e como vive não pode ser utilizado como o padrão de felicidade.
Não podemos esquecer que viemos de lugares diferentes, com crenças, culturas, famílias e possibilidades diversas. O que não descredibiliza ninguém.
Comparar vidas e situações é estar, diariamente, fadado ao fracasso.
A comparação impede de ir além, de buscar o que irá, de fato, nos preencher.
O pensamento - inadequado - de comparar ou se preocupar com o que os outros irão falar é o que nos tira dos trilhos de onde precisamos ir.
Para inspirar precisamos de mais do que simples fotos postadas. Inspiração vem de atos, de pensamentos, de ideias, de valores. Isso sim pode nos fazer ir além.
Redes sociais são ótimas para entretenimento, mas filtrar o seu consumo é essencial ou cairemos nas armadilhas de um campo minado.
Hoje, em uma era totalmente informatizada, é necessário saber colher informações e se abster daquilo que não acrescentará. A vida já é dura demais para viver a realidade de outrem.
Não desvie o foco. Continue cultivando a sua grama.

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