URUGUAIANA JN PREVISÃO

Refletir é radical

Em tempos normais, o pensamento radical situa-se nos extremos da opinião pública. A maior parte equilibra-se no centro mais denso desse espectro. Por isso é possível dizer que a maioria do pensamento sobre a vida em sociedade é composta de opiniões menos radicais e que as opiniões radicais são minoria.

Mas estes não são tempos normais.

O Brasil que deságua em 2018 está em crise. Com as relações políticas deterioradas pela corrupção e pelo crime e as relações pessoais muitas vezes abaladas irremediavelmente pelas diferenças de pensamento, o radicalismo, que era minoria, parece ter se tornado padrão.

Você nas ruas, nas redes sociais, gente sem paciência com o oposto, que condena a política, plena de ódio à posição que não se alinha a sua. A intolerância a ditar a regra. Banalizado, o radical tornou-se corriqueiro, normalizou-se, tomando o lugar do pensamento ponderado e virando maioria.

Embora importante para a composição plena do tecido social de uma democracia sólida, os extremos e suas vertentes não oferecem solução eficiente para superar as crises. É a conciliação, a sensatez, o respeito ao alheio e às diferenças que constroem essa ponte.

Em Pelotas, por exemplo, foi o estímulo à devolução do espaço coletivo pelo privado que proporcionou a reorganização urbana que o município vivenciou nos últimos anos. Um processo conduzido com transigência e diálogo, mas sem perder a noção de que a medida era necessária e estava de acordo com o interesse público.

Cortar as verbas para o Carnaval em uma cidade como a Princesa do Sul foi duro. Mas diante da carência de recursos para a abertura das UPAS e tantas outras deficiências na saúde, a pressão da comunidade carnavalesca, mesmo que legítima, não prevaleceu. Prevaleceu o interesse da cidade, mediado pela política e decidido da melhor forma para o cidadão comum.

É o equilíbrio, o resgate de valores, a prudência, e a política como meio que têm a capacidade de transformar uma sociedade. É assim que se viabilizará o que o Brasil e o Rio Grande do Sul carecem: gestão eficiente, proba, com entregas e com a coragem de tomar as decisões necessárias e corretas.

As pessoas preferem isso a simplesmente brigar entre si ou com seu vizinho diferente. Parece estranho, mas neste Brasil nada normal de hoje, radical mesmo virou a ousadia de refletir e ponderar.

*Presidente do PSDB/RS e ex-prefeito de Pelotas

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