URUGUAIANA JN PREVISÃO

Rubens Montardo

A relação comercial Brasil-China

Comércio 

A República da China, com área que supera os 9,5 milhões de quilômetros quadrados e população que supera os 1,3 bilhões de habitantes, é o maior parceiro comercial do Brasil e no primeiro trimestre deste ano importou mais de US$ 14,1 bilhões em produtos brasileiros, com uma participação de 28,6% no volume total vendido pelo país no exterior. Para se ter uma ideia, o segundo principal parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos, importaram um total de US$ 5,247 bilhões, equivalentes a um percentual de apenas 10,6% das exportações totais brasileiras. Apesar dos números relevantes, diversas autoridades brasileiras de forma irresponsável se manifestaram, pelas redes sociais ou através de declarações aos meios de comunicação, gerando sucessivos incidentes diplomáticos entre os dois países. Ano passado, as exportações brasileiras para a China totalizaram US$ 66,3 bilhões e o Brasil importou o montante de US$ 35,2 bilhões. Este comércio proporcionou ao Brasil um superávit de mais de US$ 28 bilhões. Este ano, de janeiro a março, as exportações brasileiras para a China cresceram 7,4% para US$ 14,1 bilhões, enquanto as vendas chinesas, que caíram 3,9%, US$ 9,8 bilhões. Nos três primeiros meses do ano, o intercâmbio bilateral com os chineses gerou para o Brasil um saldo de mais de US$ 4,3 bilhões. De janeiro a março, os principais produtos exportados para a China foram soja (US$ 4,8 bilhões), petróleo (US$ 3,4 bilhões), minérios de ferro (US$ 2,8 bilhões), carne bovina (US$ 767 milhões) e celulose (US$ 719 milhões).

Agressão

O chefe da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, Charles Andrew Tang, se diz preocupado com a sucessão de atritos na relação entre os dois países em meio à pandemia do novo coronavírus. A Embaixada da China também deixou claro seu descontentamento e, em recado ao governo brasileiro, citou em nota oficial haver "influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais". Em relação à soja, por exemplo, o papel da China é fundamental. Somente no ano passado, o país comprou quase 80% de toda a produção da commodity produzida em solo brasileiro. O mesmo ocorre com o frango e a carne suína. Uma eventual retração de investimentos atingiria em cheio o agronegócio, um dos segmentos que mais apoiam Bolsonaro. Para o governo chinês, as declarações do ministro Abraham Weintraub são "difamatórias" e têm "cunho fortemente racista", além de "objetivos indizíveis".

Socorro

Bom lembrar que na pior fase da crise econômica brasileira, há três ou quatro anos, a China ajudou com investimentos de infraestrutura. Do fundo criado com a ajuda da China, R$ 15 bilhões dos R$ 20 bilhões eram de investimentos chineses. Quando a Petrobras estava no fundo do poço, a China emprestou mais de R$ 15 bilhões e ajudou o país a sair mais cedo da crise. Foi assim que centenas de milhares de brasileiros mantiveram seus empregos.

Equipamentos

O chefe da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, Charles Andrew Tang, afirmou que o país asiático, além de ser o maior parceiro comercial do Brasil, é responsável por produzir mais de 90% dos equipamentos de saúde em escala global. Ou seja, para realizar investimentos a fim de melhorar a estrutura de combate ao coronavírus no Brasil, Bolsonaro dependeria de uma boa relação com os chineses. Nessa guerra atual contra o vírus, o mundo inteiro depende da China. Os Estados Unidos, por exemplo, mandaram aviões para buscar ventiladores. Mesmo que se decida por produzir localmente equipamentos fundamentais para enfrentar o coronavírus, como os respiradores, as peças e componentes de produção vêm da China também. Charles Andrew Tang ressaltou a importância da experiência chinesa no combate ao coronavírus. A epidemia foi derrotada na China em quatro meses. Não é hora de países ficarem trocando acusações. Não é o momento mais inteligente para criar problemas uns contra os outros, e sim estarmos juntos contra um inimigo em comum.

Abraço

O abraço da semana vai para os profissionais de saúde no Brasil.

Saudade

A saudade da semana é do tempo em que os idiotas não militavam nas redes sociais.

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