URUGUAIANA JN PREVISÃO

Marisele Velasques

Evasão escolar

Uma das tristes realidades da educação em nosso país é a evasão escolar, situação em que o aluno deixa de frequentar a escola. Ela sempre existiu, mas infelizmente aumentou consideravelmente na pandemia com o isolamento social e as aulas remotas, onde as instituições escolares tiveram que se adaptar aos novos modelos e seus educadores trocaram as salas de aulas por computadores e materiais impressos. A distância física foi cortada da relação professor e aluno, e mesmo à distância, os educadores fizeram de tudo para  conseguir apresentar resultados semelhantes aos do presencial, tendo como objetivo principal não perder o vínculo com  os educandos.
Na grande maioria das vezes a situação sócio econômica da família é o que mais influencia na desistência de estudar. Muitas vezes, ajudar no sustento da casa se torna uma situação mais "urgente" do que a preparação para o futuro. Quando a escolha é entre comer e aprender, vence sempre a primeira opção. Com as pessoas perdendo seu sustento porque não podiam sair para trabalhar, as dívidas aumentando e o desemprego nas famílias também, e com todo caos acontecendo, muitos alunos desistiram de estudar por não estarem  mais interessados em aprender. Fora que com  a família toda dentro de casa, sobra para os irmãos maiores, principalmente para as meninas, os cuidados com os irmãos mais novos e também as tarefas do lar.
Outro motivo, que poderia ser investido e auxiliaria e muito para que esse abandono dos estudos não aconteça, é a falta de novidades no processo ensino aprendizagem, com conteúdos que não são do interesse do jovem e a falta de investimento em tecnologias nas escolas aliados a falta de preparação de professores nessa área digital acaba por levar a desistência dos estudos. Aliás, as atividades à distância só revelaram um problema que acontece há muito tempo nas instituições públicas que é a falta de acesso às novas tecnologias. Tanto dentro das escolas com poucos computadores ou sem salas de informática, e para os alunos que muitas vezes nem acesso à internet tem, e ocupam junto com todos os outros membros da família o mesmo celular para estudar, na grande maioria limitados por horários e dados móveis. Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a evasão escolar no Brasil atinge 5 milhões de alunos. Durante a pandemia de Covid-19, esses números aumentaram em 5% entre os alunos do ensino fundamental e 10% no ensino médio. Para os que ainda estão matriculados, a dificuldade foi de acesso, com 4 milhões de estudantes sem conectividade.
O que antes já era discutido e repensado por motivos diversos, agora é uma realidade bem triste. A gravidez precoce ainda é outro dos muitos problemas, a falta de interesse nos conteúdos e formas de aprender, a distância e a dificuldade com o transporte para chegar até a escola, tudo isso já foi pensado e repensado, e o isolamento social só veio agravar ainda mais a triste realidade do abandono intelectual dos nossos alunos, logo na fase das escolhas, das grandes descobertas e das relações mais intensas. Infelizmente enquanto a campanha do "fique em casa" acontecia com toda a força, vimos jovens que decidiram desistir por necessidade e outros optaram por ficar pelas ruas mesmo. Cada aluno é uma história e tentar ajudar a retornar para a escola é um processo importante e de grande responsabilidade. Infelizmente quem deixa de estudar só entenderá que se prejudicou quando quiser entrar no mercado de trabalho, que exige conhecimento e formação mínima no Ensino Médio. Eis mais um dos grandes desafios para os professores.

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