URUGUAIANA JN PREVISÃO

Marisele Velasques

Abismo digital

Uma das grandes aprendizagens na pandemia para professores e alunos foi ter que se adaptar e aprender mais com as tecnologias para alcançar e compreender as atividades propostas. O que já era sabido pelos educadores das escolas públicas se revelou de forma mais clara e prática: a dificuldade de acesso à internet e aparelhos como celulares e computadores para um número significativo de alunos. A educação teve que se readaptar e trazer para o cotidiano escolar e das famílias atividades digitais. Para os alunos sem acesso algum, ficaram as atividades impressas que tinham que ser buscadas nas escolas.
O abismo digital entre as classes sociais se revelou pelas telas das televisões, jornais e sites. A realidade tão conhecida nas escolas públicas ficou escancarada para todo mundo ver. Sabemos que muitos colégios possuem salas de informática, mas a grande maioria com poucos computadores e internet precária, o que desmotiva qualquer professor que gostaria de trabalhar em um espaço como esse. Com as aulas remotas em casa, o acesso piorou, vimos casos de famílias com apenas um aparelho celular e com dados móveis para dois ou mais filhos. De dia o celular ia para o trabalho com o familiar responsável, à noite um sorteio ou revezamento para a utilização dos estudantes. E se por acaso as situações citadas ainda causem estranheza, acredite ainda temos famílias que nem um celular possui. O oposto de qualquer colégio particular.
Uma boa notícia é que no dia 5 de novembro aconteceu o tão aguardado Leilão da internet 5G que garantiu R$ 3,1 bilhões para o projeto do governo federal de conectar as escolas públicas de educação básica. A contrapartida de investir nas escolas foi incluída no edital após determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), e atendeu a um pedido da frente parlamentar de educação do Congresso. Uma vitória para nossas instituições de ensino públicas e principalmente para nossos alunos. Sabemos como educadores que as tecnologias já fazem parte da rotina das pessoas e não podemos deixá-las de lado em nossas escolas. Por mais que um número significativo de alunos ainda não tenha acesso, a grande maioria convive e vive com elas, e no futuro quando ingressarem no mercado de trabalho irão precisar ter um mínimo de conhecimento nessa área.
A escola é o lugar de preparação do indivíduo para a convivência na sociedade, trazer as condições necessárias para que as tecnologias sejam trabalhadas é um passo importante e necessário, a pandemia escancarou a realidade educacional do nosso país tão esquecida por diversos governos. Agora o que nos resta é aguardar e confiar que esse acesso de qualidade vai chegar até todas as escolas públicas brasileiras, sempre tendo a consciência e o pensamento crítico de avaliar quem são os legisladores que votamos para nos representar e os governantes. Todos passam, se assim nas eleições votarmos com responsabilidade, porém, as leis continuarão até que alguém revise e organize uma mudança. E a educação pública? Continuamos na luta sem perder a esperança. Aliás, essa última é o que nos move.

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