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João Eichbaum

Nós, a espécie humana

O médico e pesquisador sueco Svante Päabo fez jus ao laurel Nobel Medicina de 2022. Sua pertinácia na perseguição dos objetivos, uma virtude de que não pode abrir mão o pesquisador, ajudou a ciência a avançar na descoberta do elo que servirá para somar as evidências da nossa evolução como animais humanos.

Päabo descobriu um método de acesso ao genoma de seres vivos extintos há milhões de anos atrás. Para isso, começou a usar um instrumento muito simples: a broca. Não a broca de marcineiro, mecânico, ou pedreiro. Ele utilizava a broca de dentista. A finalidade era furar dentes de seres que viveram há séculos e séculos, como múmias, até atingir a polpa. De lá extraía o DNA.

Esse método de pesquisa foi muito criticado por especialistas, que não o aceitavam prontamente como dogma científico. As restrições desses críticos eram baseadas na suposição de que as amostras colhidas poderiam sofrer alteração, sujeitas que estavam à contaminação por matéria mais recente. Isso lhes afetaria a autenticidade do original.

Diante das provas de que realmente a tese dos críticos tinha razão, tendo sido demonstrada, senão em todos, mas em vários testes, o cientista sueco se empregou em aperfeiçoar seu método. E, para que tivesse êxito, foi necessária sua tenacidade. E o resultado está aí: os ossos são verdadeiros cofres, inestimáveis escrínios para a ciência, tanto do ponto vista biológico como paleontológico, por guardarem genomas.

Entre as várias pesquisas a que se dedicou Svante Päabo, se salienta aquela que revela o acasalamento havido entre os neandertais e o homo sapiens. Foi a primeira pulada de cerca de que se tem notícia, antes daquela que a mulher de Abraão mantinha com o Faraó do Egito. Para quem não sabe, ou não se lembra, Abraão, pico da genealogia de Jesus Cristo, tinha sido o sujeito escolhido por Javé, para ser o pai da linhagem judaica.

Homo sapiens, isto é, nós, assim como os neandertais, temos o mesmo tronco genético, temos genitores comuns em nossas raízes antropológicas. A diferença que nos separa é a prova de que a espécie humana foi se formando e se deformando, em razão das puladas de cerca. Foi a pulada de cerca, aquela sensação maravilhosa de experimentar o diferente, saindo do feijão com arroz da comida caseira, que construiu outras espécies de primatas humanos saídos da mesma linhagem.

Essas fusões diversificadas de óvulos e espermatozoides proporcionaram o aparecimento de circuitos cerebrais diferentes. A última delas, por enquanto, a que foi descoberta por Svante Päabo, já serve para mostrar porque há criaturas com características de neandertais e de homo sapiens, porque algumas há que demonstram mais reações animais do que de homens civilizados, dependendo das circunstâncias.

Neandertais foram uma espécie humana que habitou a Europa e parte da Ásia, por mais de vinte mil séculos, até há cerca de 30 mil anos atrás. Os machos eram do tipo que muitas mulheres gostam: musculosos, a caixa toráxica saradona, coberta de pelos, arredondada. E aí deu nisso que aí está...

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