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Pecuária

Mariana Tellechea é eleita presidente da Associação Brasileira de Angus

A Associação Brasileira de Angus está sob nova direção e, pela primeira vez, será comandada por uma mulher. A nova presidente é a médica veterinária Mariana Franco Tellechea, titular da Cabanha Basca.

Mariana foi eleita em assembleia na manhã de quinta-feira, 24/11, e está à frente de uma chapa de consenso que reuniu pecuaristas do Rio Grande Do Sul, de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O criador Ulisses Amaral, da Cabanha Santa Joana, de Santa Vitória do Palmar, será o 1º vice-presidente. A posse ocorrerá em janeiro.

Sua gestão deve ter como foco o desenvolvimento de projetos para uma pecuária cada vez mais sustentável no Brasil. A iniciativa passa pela criação de programas de seleção que, além de índices de eficiência produtiva e qualidade de carne, permitam a obtenção de animais que, juntamente com práticas e manejos agropecuários, viabilize uma produção sustentável, regenerativa e que contribua para a conservação do planeta.

O trabalho da associação será buscar parcerias com universidades, entidades de pesquisa e poder público no sentido de alcançar o objetivo de que a produção de carne bovina brasileira seja identificada como conservacionista e capaz de gerar créditos de carbono. "É um caminho longo e que exigirá avanços consistentes nos próximos anos", garante.

De acordo com a presidente eleita, a nova diretoria pretende ainda dará continuidade aos programas exitosos das gestões anteriores, que colocaram a Angus na liderança na comercialização de sêmen entre os taurinos, juntamente com programas de melhoramento genético e o mais robusto sistema de certificação de carne de qualidade vigente no país associado a um projeto Sustentabilidade, iniciado na gestão de Nivaldo Dzyekanski (2019-2022). "Nos últimos anos, avançamos em estudos técnicos que colocam a Angus em um novo patamar de seleção. Implementamos a genômica e deixamos o terreno pronto para que a nova diretoria expanda a busca por uma pecuária cada vez mais sustentável e eficiente", diz Dzyekanski. "Queremos que a Angus esteja ao lado dos criadores na certificação desses processos sustentáveis que visam deixar um legado para as próximas gerações por meio de medidas que assegurem a preservação e a continuidade da produção pecuária", garante Mariana.

Uma das primeiras medidas a ser adotada será a criação de uma Diferença Esperada na Progênie (DEP) de Eficiência Alimentar. Com ela, será possível indicar, por meio da genômica, logo no nascimento, os reprodutores Angus que produzem mais carne com menor ingestão de alimento. Até agora, a característica vem sendo avaliada em provas individuais, em que é preciso submeter o animal à testagem para mensurar seu desempenho. Com a DEP Genômica, tal avaliação passa a ser feita apenas com um exame de DNA. Em breve, adianta Mariana, mesmo caminho poderá ser seguido pela Ultrablack, raça sintética cujos registros estão sob a tutela da Associação Brasileira de Angus. A expectativa, segundo ela, é que a genômica da nova raça passe a rodar ainda em 2023.

Entre as metas da nova diretoria à frente da Angus também está dar maior visibilidade à realidade do pecuarista brasileiro, indivíduo responsável por alimentar uma população mundial e que, apesar dos frequentes ataques, opera em sistemas sustentáveis. "A sociedade precisa entender que o produtor é o maior interessado na preservação e que muito é feito há anos pela sustentabilidade no campo".

Convicta do avanço das mulheres no agronegócio brasileiro nas últimas décadas, Mariana sabe do desafio de ser a primeira presidente da Angus, mas faz questão de destacar o protagonismo já assumido por muitas criadoras na história de seleção da raça. "A Angus contou com muitas mulheres de fibra em seu desenvolvimento no Brasil. Coube a mim o papel de representá-las, e isso é uma responsabilidade gigantesca. Tenho orgulho e me dedicarei ao máximo para trilhar um caminho de inovação que honre o legado dessa raça fantástica".

Programa Carne Angus terá Comitê Gestor

Entre as novidades da gestão 2023/2024, está a criação de um Comitê Gestor para o Programa Carne Angus Certificada. O grupo terá caráter executivo e será formado por dois integrantes da diretoria da Associação Brasileira de Angus (presidente Mariana Tellechea e vice-presidente do Programa Carne Angus, Dorival Borga) e um membro do Conselho de ex-presidentes (Nivaldo Dzyekanski). Neste primeiro mandato, o comitê será presidido pelo pecuarista Nivaldo Dzyekanski. "Deixo a presidência em 2023 e assumo o comitê com muito orgulho porque garantiremos, desta forma, uma transição tranquila dos projetos encaminhados junto aos parceiros e frigoríficos", pontuou. Carregando a experiência de quem atua com comércio internacional em suas operações no Brasil Florestal, o empresário pretende dedicar-se à prospecção de novos mercados e à expansão do número de parceiros do Carne Angus, principalmente em estados onde ainda não há abate certificado.

Números Carne Angus

O ano de 2022 foi positivo para o Programa Carne Angus Certificada. Dados parciais do ano (janeiro-outubro22 X janeiro-outubro21), divulgados pela gerente nacional do Carne Angus durante a assembleia, indicam aumento de 20,32% no número de animais abatidos pelo programa. Até outubro, o programa abateu 365.227 cabeças. A projeção é fechar o ano com crescimento de 23% nos abates, alcançando 450 mil cabeças. Expansão também foi registrada no volume de carne Angus produzida. Nos primeiros dez meses de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, a alta foi de 21,66%. Um dos destaques foi a produção de industrializados (hambúrguer, linguiça, carpaccio e carne moída).

As exportações do Carne Angus também avançaram. De janeiro a outubro de 2022, o crescimento foi de 69,42% em relação ao mesmo período do ano passado. A China foi o maior comprador, logo seguida de Malásia, Arabia Saudita, Singapura, Holanda, Líbano e Emirados Árabes.


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