URUGUAIANA JN PREVISÃO

João Eichbaum

Inteligência artificial

Você liga para uma empresa de telefonia, de energia, ou para um banco, a fim de reclamar que o produto, pelo qual paga, não está sendo fornecido corretamente. Aí, a primeira resposta à sua ligação é um chá de banco em sua própria casa. A “inteligência artificial”, que outra coisa não é senão uma voz humana, pede o seu CPF. E ali segue a gravação, chamada “inteligência artificial”, guiando o seu dedinho: disque tal número, se o caso for isso; outro número, se o caso for aquilo; um terceiro número, se a questão não disser respeito ao primeiro nem ao segundo caso. E assim segue a “inteligência artificial”, testando sua paciência e a capacidade de resistência de seu saco escrotal.
Se o problema a ser desencravado, pode resolvido pelo computador, não é diferente. O tratamento dispensado ao cliente vítima é o mesmo: a “inteligência artificial”, que não sai do quadrado das banalidades, é escalada para abusar da paciência e roubar o tempo alheio, como se todo mundo fosse um autômato, que não tem o que fazer na vida.
Só quem é burro por natureza, precisa de inteligência artificial. Só quem é burro por natureza não tem outra alternativa, senão dialogar com a “inteligência artificial”.
A soma da matemática com a física, a estatística e a lógica, da qual resulta a “inteligência artificial”, jamais se igualará ao trabalho químico do cérebro, que produz a inteligência do homem e o instinto nos outros animais, a partir das circunstâncias casuais. O gênio em informática, o mais das vezes, não domina a linguagem e não pode se valer da síntese, que é a única forma de expressão autêntica cabível no quadrado dos “chips”. Mas, pior do que isso: a complexidade das relações, nas necessidades gregárias do homem, é inextricável porque se multiplica em progressão geométrica. A informática vai correr atrás delas a vida inteira. Acontece que, em busca de solução para seus problemas, a pessoa disca, digita e disca, mas número nenhum resolve
a questão...
Em suma, a inteligência artificial, é “artificial” mesmo, porque não passa de um artifício, um artifício inventado, não por pessoas inteligentes, mas por espertalhões que buscam o lucro maior, com um mínimo de trabalho. O resultado dessa “inteligência” é uma tortura para o consumidor, e nada mais do que isso.
Como se isso não bastasse, também o Judiciário agora está implantando a “inteligência artificial”, emprestando mais valor à jurisprudência, do que ao trabalho de analisar, detidamente, a questão que lhe é proposta. O objetivo é cumprir a prestação jurisdicional por “semelhança”, coisa simples, que qualquer digitador pode fazer. Mas, o “excesso de trabalho”, para quem tem apenas dois meses de férias anuais, exige mudanças...
Não sabem os juízes que a Justiça é um valor incrustado na axiologia jurídica, cujo resguardo exige um exercício sacerdotal da magistratura? Não sabem eles que os humanos não são autômatos, e que o dever do Judiciário é fazer justiça e não, simplesmente, juntar dados do computador, dando de ombros para sua responsabilidade?

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