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Polícia
PF conclui inquérito sobre assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips
Joédson Alves/Agência Brasil imagem ilustrativa - fireção ilustrativa - Imagens foram projetadas na parede do ministério dos Direitos Humanos em junho deste ano para marcar os dois anos sem Bruno Pereira e Dom Phillips.
A Polícia Federal (PF) anunciou na última sexta-feira, 1/11, a conclusão do inquérito sobre os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridos em 5 de junho de 2022, em Atalaia do Norte, no Amazonas. Após quase dois anos e meio de investigações, o relatório final reafirma que os homicídios estão diretamente relacionados às atividades de fiscalização realizadas por Pereira na defesa dos direitos indígenas e da preservação ambiental na região.
Bruno Pereira e Dom Phillips foram mortos enquanto visitavam comunidades próximas à Terra Indígena Vale do Javari, uma das maiores áreas destinadas ao usufruto exclusivo de povos indígenas e que abriga a maior concentração de grupos isolados do mundo. O inquérito manteve o indiciamento de nove pessoas, com a PF apresentando denúncias ao Ministério Público Federal (MPF) contra esses indivíduos, com base em provas suficientes para acusá-los de envolvimento no duplo homicídio. O MPF poderá decidir se arquiva os casos ou os denuncia à Justiça Federal, transformando os indiciados em réus.
Entre os indiciados está Ruben Dario da Silva Villar, identificado como o mandante do crime. A PF também destacou que os outros oito indiciados tiveram papéis na execução dos homicídios e na ocultação dos corpos. A defesa de Villar não foi contatada para comentários, embora ele já tivesse sido indiciado em janeiro de 2023. O ex-superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Fontes, havia afirmado anteriormente que Villar fornecia munições utilizadas no crime e que pagou as despesas iniciais da defesa de Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, o primeiro suspeito preso no caso.
Dom Phillips, colaborador de importantes publicações como o The Guardian e o The New York Times, estava na região para entrevistar lideranças indígenas e ribeirinhos para um novo livro-reportagem sobre a Amazônia. Embora fluente em português e com várias visitas anteriores à área, sua viagem com Bruno Pereira foi motivada pela expertise do indigenista. Com 41 anos, Pereira estava licenciado da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) desde fevereiro de 2020 por questões políticas e atuava como consultor da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).
A PF concluiu que as mortes de Pereira e Phillips foram consequência do trabalho de Bruno, que, mesmo fora da Funai, continuou a contrariar interesses de grupos que ameaçam a integridade das comunidades locais. Na Univaja, ele implementava projetos para ajudar as comunidades tradicionais a proteger seus territórios e recursos naturais. A PF reafirmou seu compromisso em monitorar os riscos aos habitantes da região do Vale do Javari e prossegue com investigações sobre ameaças contra os indígenas que vivem na mesma área onde as vítimas foram assassinadas.
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